Uma das coisas que mais achava piada em alguns dos Desenhos Animados que passavam na RTP nos anos 80, era terem um ar Japonês mas terem os genéricos com letras mais para o Alemão, e no caso deste desenho animado em particular (um dos meus favoritos) isso devia-se ao facto de ser uma produção Germano-Nipónica sendo então normal que o Fushigi no Kuni no Arisu, vulgo Alice no País das Maravilhas, apresentasse estas características.
Eu era fã deste desenho animado começando logo pelo seu genérico, era mais um com uma música que ficava no ouvido e como aparecia noutra língua dava um ar mais doido às imagens que apareciam. O desenho em si era dobrado em Português, em mais uma excelente dobragem, e era das melhores adaptações do conto imortal de Lewis Carrol. Isto porque esta co-produção entre a Alemanha e o Japão tinha um ar meio surreal, que assentava que nem uma luva no que o livro nos tentava transmitir e nos cativava por aquele excesso de cor e aventura.
A série teve 52 episódios, realizados em 1982 a 1984 e passados pela RTP em 1987 com uma repetição em 1989. Lembro-me de ver isto nas tardes dos dias de semana, por isso num desses anos foi assim que ela foi transmitida. Tenho os dvd’s todos que a Prisvídeo lançou e posso garantir que não envelheceu mal e continua bem divertida.
A história mostrava uma menina de sete anos, Alice (Isabel Ribas) que adorava brincar com animais e era extremamente curiosa. Um dia encontrou um coelhinho, Benny Bunny (Argentina Rocha) que começou a falar com ela e a apresentou ao seu tio, um coelho grande vestido com um colete e sempre a olhar para o relógio que foi dobrado pelo grande António Feio. Foi a perseguir o tio de Benny por uma toca que começaram as aventuras da Alice que à lá Calvin & Hobbes nos deixavam na dúvida se eram reais ou sonhos da menina. Os habitantes do mundo subterrâneo eram muito interessantes e carismáticos, governados pela mão de ferro da Rainha das Copas (Carmen Santos) e do seu marido, mais calmo e pacífico, o Rei de Copas (Francisco Pestana) sempre a recorrerem ao seu exército de cartas, tinham corpo de uma carta mas com membros e uma cabeça, para imporem a sua vontade.

Pelo caminho Alice conhecia, ou era importunada, por personagens estranhas como os gémeos Tweedledee e Tweedledum (António Feio e João Lourenço), O ser em forma de Ovo que se encontrava sempre em cima de um muro, o Humpty Dumpy (Luís Mascarenhas), A Morsa e a Falsa Tartaruga (Luís Mascarenhas e Manuel Cavaco) ou A Duquesa (Carmen Santos).
Os meus favoritos eram O Chapeleiro e o Rato Dorminhoco (João Lourenço e Manuel Cavaco) e o Rei Paulo e Rainha Paula (Luís Mascarenhas e Luísa Salgueiro) que eram ávidos jogadores de cricket mas que nem sempre lhes saía bem. Os conselhos da Lagarta Azul (António Feio) também davam sempre histórias engraçadas mas era a interacção entre a Alice e a Rainha de Copas que geravam os melhores momentos do desenho animado.
Na “realidade” apareciam os pais da Alice, e nos últimos episódios começámos a conhecer os amigos dos pais dela que pareciam espantosamente com todas as estranhas personagens que ela havia conhecido no País das Maravilhas.
Aconselho vivamente este Desenho Animado, em especial com a dobragem original, que apresenta de uma forma bem engraçada este fantástico conto de Lewis Carrol.
2 Comments
Também tenho a série e sempre gostei muito, apesar de parecer para miúdas. Grande genérico também. 🙂
Ela só parecia, a história é imortal e dá para todos