A Fórmula 1 sempre foi um desporto emocionante, seria de pensar que a adrenalina de ver carros em grande velocidade aliada à coragem dos homens ao volante daqueles pequenos foguetes já seria o suficiente para seguir este desporto, mas de tempos a tempos somos sempre premiados com pilotos que ajudam a tornar a competição ainda mais emocionante. Ayrton Senna foi um dos maiores pilotos de sempre, para muitos o melhor, e marcou toda uma geração com a sua forma de estar na vida e no desporto e especialmente com a sua destreza e coragem atrás do volante.
Ayrton Senna nasceu a 21 de Março de 1960, começando a sua carreira nas competições de Kart e dando o salto em 1983 com a sua vitória no campeonato Britânico de Fórmula 3, o que valeu o ingresso no mundo competitivo da Fórmula 1 pela equipa da Toleman-Hart em 1984. Em 1985 ele ingressou na mítica equipa da Lotus-Renault e foi aí que ele ficou conhecido para mim, na minha caderneta da F1 de 1987 (quando ele já tinha ganho 6 grandes prémios em 3 temporadas), onde o seu capacete e o design do seu carro despertaram-me a atenção.

Mas foi em 1988, no alto dos meus 10 anos e em que era tradição ver a corrida de F1 ao Domingo à hora de almoço na RTP, que a competição teve um dos maiores duelos da sua história e em que os pilotos estavam na mesma escuderia. O Francês Alain Prost, um dos pilotos mais talentosos de sempre, recebeu o piloto Brasileiro na equipa da Mclaren-Honda e juntos começaram um domínio que se estendeu até 1991 com três vitórias de Senna e uma de Prost.
Senna venceu o seu primeiro campeonato na primeira temporada atrás do bólide vermelho e branco onde ele e seu parceiro venceram 15 dos 16 grandes prémios desse ano conquistando assim também o prémio de melhor equipa para a Mclaren.
Desde cedo que Senna mostrou a sua rapidez na pista, na sua primeira temporada na Lotus ele conseguiu 7 pole positions e terminou em 4º lugar no campeonato de Pilotos à frente do seu parceiro De Angelis que sai da equipa por achar que esta começa a se basear somente no piloto Brasileiro. Um carro imprevisível impedia-o de ir mais longe, e apesar das 8 pole positions em 1986 ele não consegue ir mais além no ranking de pilotos o que torna natural a sua vontade de ir para uma equipa mais competente e um carro mais fiável.
A personalidade de Senna era forte e intensa, e isso levou-o logo a ter problemas com o seu parceiro Prost, em especial no Grande Prémio de Portugal quando ele faz uma manobra menos legal para impedir a progressão do Francês, e que leva a discussões internas que transpunham a rivalidade para níveis de grande intensidade.
O Grande Prémio de Portugal e o Grande Prémio do Mónaco tornaram-se em corridas emblemáticas para o piloto Brasileiro, foi por cá que ele ganhou a sua primeira Pole e onde começou a mostrar o seu talento a conduzir debaixo de chuva, enquanto que detém o recorde de vitórias na emblemática pista Francesa tendo até dado o seu nome à sequela do jogo para o Mega Drive, Ayrton Senna’s Monaco Grand Prix II.
Mansell, Piquet, Prost, Nannini e Alboreto foram alguns dos nomes com os quais o piloto lutou, e venceu, dentro das diferentes pistas em redor do mundo desde o começo da sua carreira até ao fim da mesma aquando da sua morte em 1 de Maio de 1994 no Grande Prémio de San Marino no circuito de Imola, Itália ao volante de um Williams-Renault. Senna só ingressou na equipa Francesa após a retirada de Alain Prost que tinha uma cláusula que impedia que o piloto Brasileiro pudesse assinar pela escuderia.
Numa conferência no Estoril, Senna apelidou o Francês de cobarde por ter essa cláusula e chegou inclusive a oferecer-se para conduzir de graça para a Williams, uma equipa que ele gostava bastante apesar de já ter manifestado o desejo de terminar a sua carreira ao volante de uma Ferrari que ele achava que era a alma do desporto motorizado. Mas ninguém estranhava isto depois dos campeonatos ganhos em 2 anos seguidos em que 2 acidentes entre eles acabou por ser o factor principal dessas vitórias.

Prost afirmou que se retirava porque não queria repetir as animosidades de 89-90 e assim deixava o caminho livre para um namoro antigo entre o piloto Brasileiro e a equipa Francesa. Foi em 1992 que se falou pela primeira vez desta união, mas o próprio presidente da Honda pediu pessoalmente a Senna para que este não deixasse a Mclaren-Honda ao que este acedeu por um sentimento de lealdade e agradecimento. Aquando das disputas com Prost, em que o piloto Brasileiro acabou por confessar que iria chocar contra Prost no Grande Prémio do Japão, a equipa sempre o protegeu e foi assim normal essa decisão por sua parte.
Em 1993 o piloto mostrava toda a sua habilidade conseguindo terminar em segundo lugar com um carro de fraca qualidade, onde Ron Dennis lutou para conseguir melhores motores mas que ficou apenas com um Ford que era de inferior qualidade aos fornecidos à Benneton-Ford, mas conseguiu que o piloto Brasileiro ficasse assim pela equipa num contrato de corrida a corrida ficando o ano todo sem um contrato assinado.
Numa época que era normal torcermos pela selecção Brasileira, torcer por um piloto do País irmão parecia natural, e as suas corridas no nosso autódromo ajudavam a isso, criando uma grande empatia com o povo Português. Eu era fã da sua personalidade, do seu discurso e da sua perfomance em pistas complicadas mesmo debaixo de chuva, algo que por norma diminui as capacidades dos pilotos que mostram sempre um pouco mais de receio. Como esquecer a sua performance em Donnington em 1993 onde ultrapassa 4 pilotos num clima torrencial?
Ayrton Senna foi o mais jovem tri-campeão com 31 anos (vitórias em 1988,90 e 91), tem o recorde de mais corridas onde liderou do começo ao fim (19), de conseguir começar as 16 corridas de 1989 na primeira posição e de ter começado 24 corridas consecutivas nessa posição (desde o Grande Prémio da Alemanha em 88 ao Grande Prémio de Austrália de 89). Tem ainda o recorde de mais pole-positions consecutivas (8) e de mais pole positions num grande prémio (o de San Marino por 8 ocasiões de 85 a 94).
6 Comments
Foi um grande piloto! Os seus duelos com Alain Prost foram míticos !
O meu preferido era o Prost, já desde o tempo em que corria na Renault com o Arnoult. Continuei fiel!
Nesta altura dava pica ver F1!
Depois foi o marasmo com o alemão que tem a mania que sabe jogar à bola…
😀
Eu não posso com o Alemão lol e depois não ajudou os duelos ser com monos sem carima como Hill, Coulthard ou Villneuve
Por relembrares isto vou pôr no FB o maior e melhor duelo de sempre da F1: Arnault vs Vileneuve!
Aquilo era competição!
Vai lá dar uma espreitadinha!
😀
O maior, mais aguerrido, destemido, fabuloso piloto de F1 !! Foi uma das raras personalidades que aquando do seu desaparecimento, consegui-me deixar escapar uma lágrima…
Sem Senna, a F1 perdeu o interesse e agora não dá “pica” nenhuma em que as máquinas parecem que “mandam” nos pilotos.
Sem dúvida, e daqueles casos que nos lembramos o que estávamos a fazer quando ele morreu
Foi um daqueles dias que nos ficam na memória… estava no sofá a assistir ao GP, nem quis acreditar no que estava a ver… e posso dizer que me escaparam não uma mas mesmo muitas lágrimas…