Romário de Sousa Faria foi um dos melhores atacantes que eu tive o prazer de ver jogar, marcava golos que se fartava e tinha uma personalidade forte e conflituosa dentro e fora do campo. Foi uma das figuras principais do Dream Team do Barcelona do Cruyff, e um dos pilares da conquista do Mundial de 1994 por parte do Brasil, só isso diz muito da qualidade deste “baixinho” que encantou tudo e todos na década de 90.
Romário nasceu a 29 de Janeiro de 1966 no Rio de Janeiro, e iniciou a carreira no Vasco da Gama em 1985, ganhando logo a atenção de todos quando conseguiu ser vice-artilheiro do campeonato carioca o que levou à assinatura do seu primeiro contrato profissional no Futebol. Fazendo dupla com o jogador Roberto Dinamite, foi bi campeão Carioca pelo Vasco e em ambas as vezes com o Flamengo como adversário e sendo decisivo nesses confrontos marcando um golo histórico num desses confrontos e aos 22 anos já proferia declarações como a de que iria chegar aos mil golos na sua carreira e que podiam anotar e lhe cobrar isso.
Em 1988 é o melhor marcador nos jogos olímpicos de Seul e chama a atenção do PSV Eindhoven que o contrata para a sua equipa principal e bate o recorde de transferências com o clube Holandês a despender 5 Milhões na sua contratação. A sua estreia não podia ser melhor, foi campeão Holandês e o melhor marcador do campeonato, para além de marcar nos dois jogos contra o Real Madrid nos quartos de final da Taça dos Campeões Europeus e ser sempre uma das figuras principais da equipa o que o levou a ser convocado para a selecção Brasileira para o mundial de 1990 que viria a falhar devido a uma lesão no tornozelo.
O baixinho recupera bem da lesão e em 90/91 volta a ser o artilheiro e a ajudar a levar o PSV ao topo da tabela de novo, e isto em conjunto com a sua boa perfomance na Taça dos Campeões Europeus, chama a atenção de Johan Cruyff que pede ao Barcelona para o contratar em 1993 e o levar assim para Espanha onde iria fazer parte de uma Dream Team que iria deslumbrar a Europa.
O saldo da passagem pelo PSV é espantoso, Três campeonatos e duas taças ganhas e 174 golos marcados por um jogador Brasileiro que se estreava num campeonato complicado e prova assim que se adaptou completamente a esse estilo de jogo e ao clima do País. A estreia pelo Barcelona não foi diferente, num clube que ficava assim com quatro estrangeiros (na altura só se podia jogar com três), o rodízio entre vedetas como Hristo Stoichkov, Ronald Koeman e Michael Laudrup (já todos titulares indiscutíveis do clube) seria inevitável e nada do agrado para todas as vedetas envolvidas.

A equipa procurava o Tetracampeonato seguido, e Romário provou logo no clássico contra o rival de Madrid que seria uma pedra fundamental para isso marcando três golos e fazendo a assistência para outros dois, que levava assim o jogo a uma vitória histórica por 5-0.
O Atlético de Madrid também não se livra da fúria do baixinho, marcando três golos em cada um dos encontros e ajudando assim a equipa a conseguir 28 pontos em 30 possíveis e conquistando o campeonato de 93/94 ao Corunha dos compatriotas Bebeto e Mauro Silva.
Na Europa as coisas não correm tão bem, ele não marca tantos golos e não consegue evitar com que a equipa perca a final para a equipa de Milão por uns claros 4-0. Correu-lhe melhor as coisas na selecção onde fez uma dupla demolidora com Bebeto e ajudou o Brasil a sagrar-se Tetra campeão depois de anos sem chegar à vitória final. Sua presença na área era fantástica e conseguia golos em corrida como ninguém, por vezes agarrava na bola no meio campo e só parava quando a colocava dentro da baliza adversária. Era simplesmente fantástico ver este baixinho jogar.
Ganhando amizade com Stoichkov, a dupla começa a fazer estragos também na Europa, em especial num jogo contra o Manchester United, onde levam a equipa a vencer por 4-0 e a esmagar por completo a equipa treinada por Alex Ferguson. Sempre polémico, nas suas épocas em Espanha eram constantes as viagens até ao Brasil, começa a forçar a sua saída do clube para regressar ao Brasil, atraído pela proposta do Flamengo.
Romário volta assim ao Brasil e é na mesma eleito melhor jogador do mundo pela FIFA, chega ao clube em grande numa altura que comemoravam o centenário e polémico como sempre chega ao clube e entra em conflito com Zico, proferindo a frase “eu ganhei uma copa, ele não”. Apesar de tudo o regresso não é feliz, e conflitos com o treinador não o deixam ganhar os principais títulos Brasileiros o que faz com que o Flamengo contrate Edmundo para formar com Romário e Sávio “O melhor ataque do mundo”.
Não é o suficiente, e o clube acaba por não ganhar nenhum título no seu centenário para grande frustração do baixinho que se vê emprestado por duas vezes ao clube Espanhol Valência, onde nunca vinga devido a desentendimentos constantes com os 2 treinadores que apanhou por lá, acabando assim por voltar sempre ao Flamengo onde continuava a marcar golos, jogar bem mas a não conseguir a conquista de grandes títulos Brasileiros. Foi por cinco anos seguidos o melhor marcador Estadual e quando saiu do clube rubro negro em 1999 ficou na história do mesmo como 3º melhor artilheiro com 204 golos, atrás apenas de Dida e de Zico.
Romário regressa assim ao Vasco da Gama e no primeiro confronto contra o Flamengo, na final de uma copa, marca três golos ajudando assim a uma vitória pro 5×1 mas continuando com as suas polémicas em especial quando faz dupla de novo com Edmundo e afirma que ele é o príncipe e o Edmundo o bobo da corte na equipa.
Os golos continuavam a vir provando que era melhor de pé do que de boca, foi de novo artilheiro do Brasileirão e continua a marcar golos em todas as provas que entra mesmo que não consiga todos os títulos que queria. Apesar dos golos que marcava, o jogador já não tinha aquele brilhantismo em campo de outros tempos mas continuava a surpreender tudo e todos no rumo a que se tinha proposto de chegar aos mil golos na sua carreira. Jogou quase até 2010, passando por clubes como o Fluminense (passando assim pelos 3 clubes grandes Cariocas) e voltando ao Vasco em 2 ocasiões diferentes e viajando até ao distante Qatar, Estados Unidos e Austrália onde jogou e deslumbrou marcando golos e acumulando polémicas.
Mesmo assim continua na minha memória como um dos melhores atacantes de sempre, vi quase todos os jogos dele pelo Barcelona e pelo Brasil em 94 e era impossível não ficar fascinado com a magia que ele mostrava dentro das quatro linhas.