Pedra sobre Pedra foi uma das telenovelas mais divertidas dos anos 90, uma co-produção entre a RTP e a Rede Globo, e que teve algum sucesso na transmissão no nosso país.
O Realismo Fantástico tinha destaque nesta novela, algo comum nas obras de Aguinaldo Silva que escreveu-a em conjunto com Ricardo Linhares e Ana Maria Moretzsohn. A Novela teve 178 capítulos e foi transmitida entre 6 de Janeiro a 31 de Junho de 1992 em horário nobre (tanto na RTP como na Globo), sendo repetida mais umas quantas vezes pela RTP no horário das 19h.
A RTP financiou 20% da produção da Novela, que era realizada por Paulo Ubiratan, e colocou ainda 2 actores na trama (Carlos Daniel e Suzana Borges), algo pouco comum na altura. Lima Duarte, Armando Bógus, Andrea Beltrão ou Fábio jr eram alguns dos nomes sonantes do elenco, este último com bastante sucesso na interpretação da sua personagem Jorge Tadeu, que era peça fulcral no Realismo Fantástico da história por intermédio de uma pequena flor.
A trama desenrolava-se na cidade de Resplendor, que era o palco das disputas políticas entre os Pontes e os Batista. Murilo Pontes (Lima Duarte) ia se casar com a jovem Pilar Farias (Renata Sorrah), mas no dia do casamento a noiva diz não em pleno altar, por desconfiar de que o rapaz fosse o pai da criança que Eliane, a sua melhor amiga, estava esperando. Desejando vingança, Pilar se casa com Jerônimo Batista (inimigo de Murilo), enquanto este se casa com Hilda (Eva Wilma), uma jovem que sempre o amara.

Dessa união nasce Leonardo (Maurício Mattar), enquanto que Pilar tem uma filha, Marina (Adriana Esteves), e fica viúva.
Vinte e cinco anos depois, Murilo está de volta a Resplendor depois de uma carreira política de sucesso em Brasília e reencontra Pilar querendo fazer de sua filha a prefeita da cidade, destino que ele reservara para seu filho, Leonardo. O problema maior vinha depois na típica relação Romeu-Julieta de que as novelas gostam tanto, e na qual caíram os 2 filhos destes rivais, que se apaixonam um pelo outro.
Mas existe um adversário muito perigoso nesta luta: Cândido Alegria (Armando Bógus), um homem que enriqueceu roubando e matando o amigo português Benvindo Soares, e que nutre uma paixão por Pilar Batista. Para conseguir o que quer – a prefeitura de Resplendor e o coração de Pilar – Cândido Alegria conta com a ajuda da ambiciosa Eliane (a filha da amiga de Pilar e que esta criou como sua filha após a morte da mãe), a agregada da família Batista, que nem desconfia de que ele é o seu pai biológico.
Mas Resplendor tem outros mistérios. A cidade recebe a visita do enigmático fotógrafo Jorge Tadeu (Fábio Jr.), que se ocupa em fotografar e seduzir as mulheres casadas da cidade, entre elas, Úrsula (Andrea Beltrão), sobrinha de Murilo Pontes.
Não desgostei desta novela, que para além destas tramas apresentava de novo numa novela um “lobisomem” ou era isso que pensávamos quando o actor Osmar Prado fazia a sua personagem Sérgio Cabeleira agir de forma muito estranha nas noites de Lua Cheia e que o fazia prenderem o mesmo numa jaula. Outra personagem que gostei muito era a do irmão de Pilar, interpretada pelo actor Paulo Betti.
O mistério de quem havia assassinado Jorge Tadeu, que foi encontrado morto na cama rodeado por Borboletas, foi algo que prendeu a atenção de todos e da qual só tivemos resposta no ultimo capítulo da novela. Nesse último episódio assistimos também a uma morte fantástica, a de Cândido Alegria que ficou transformado em pedra e se desfaz em argila. Foi também a última novela deste grande actor, Armando Bógus.
Foi a primeira novela importante de Isadora Ribeiro, que fazia parte do leque de mulheres seduzidas por Jorge Tadeu, onde se encontrava outras actrizes conhecidas como Eva Wilva, Nivea Maria, Arlette Salles ou Andreia Beltrão.
Uma novela bem divertida, com boas actuações e uma trama bastante interessante mesmo recheada de clichés típicos de muitas telenovelas.