Sempre gostei muito de ler, e na década de 80 uma das minhas colecções preferidas (para além da de BD) era a dos Livros dos Cinco da escritora Inglesa Enid Blyton.
Eram livros escritos na década de 40 mas que conquistaram as gerações nas décadas seguintes e até ao final do Século XX, onde uma nova colecção começou a ser produzida e publicada com algum sucesso para as novas gerações. Mas os 21 livros originais foram editados por cá em diferentes colecções desde a década de 60 (que tenha conhecimento, não sei se houve antes disso), onde a editora Empresa Nacional de Publicidade publicou a colecção num formato de livro “normal” e onde a capa era uma ilustração pintada sobre aquilo que se ia passar naquela aventura.
Cheguei a ver alguns destes livros nas Bibliotecas, mas o primeiro livro dos Cinco que me passou pela mão foi da colecção da década de 70, a da Editorial Notícias, que publicou os livros num formato quase de bolso, muito prático para a criança que o quisesse ler na rua e depois enrolá-lo e colocar no bolso.
As capas eram com fotos sugestivas (o que para mim foi a melhor escolha de sempre e talvez a razão porque esta tenha sido uma das colecções dos Cinco com mais sucesso de sempre), que vinham da edição Francesa, que fotografava um grupo de jovens numa situação que fosse sugestiva e relacionada com o título do livro. As ilustrações no interior continuavam a ser do original Inglês (pela talentosa Eileen Soper), mas a capa fotográfica dava um ar sóbrio e mais adulto à colecção que fazia com que as crianças da década de 70 e 80 se sentissem importantes ao ler as mesmas.
Foi esta a colecção que eu fiz e tive nos anos 80, e muitos outros também, e que ainda hoje me recordo da alegria que tinha quando recebia mais um livro para a colecção e como ansiava que não fosse da nova colecção lançada nos anos 80 (pela mesma Editorial Notícias) onde a capa voltava a ser uma ilustração. Nesta colecção as ilustrações da capa tinham um aspecto mais infantil que as da década de 60, o que no tamanho reduzido (continuavam a ser livros tipo de bolso) era mais adequado e atraía mais a atenção das crianças. Mas eu continuava a preferir os com as fotos.

Consigo ainda me lembrar de alguns pormenores do livro passado num Farol, o da Ciganita ou o dos contrabandistas, alguns dos meus favoritos e que li e reli tantas vezes que ainda consigo falar algumas frases dos livros e lembrar-me das situações que neles acontecem.
Os nomes dos protagonistas no original eram Julian, Anne, Dick, Georgina e Timmy (o cão), enquanto que em Português ficou Júlio, Ana, David, Zé e Tim. Júlio era o irmão mais velho da Ana e do David, e primo da Zé, tinha 12 anos e era o líder do grupo. Era também o mais forte, o mais sensível e o mais inteligente do grupo.
David tinha 11 anos, um grande sentido de humor e uma relação muito forte com a sua irmã Ana, que tentava sempre proteger e a animar quando as coisas não corriam muito bem. Ana tinha 10 anos e era a típica menina que preferia ficar a fazer as tarefas domésticas nas aventuras deles do que propriamente aventurar-se com o resto do grupo. Mas quando necessário conseguia ser tão valente como os outros membros e tão desenvencilhada como eles.
Zé era a maria rapaz do grupo, com 11 anos de idade e um temperamento instável que a fazia ferver em pouca água. Era quase sempre confundida com um rapaz (devido à sua roupa e penteado), algo que a agradava muito e não a chateava nem um pouco, era muito teimosa e sempre muito agarrada ao seu cão Tim. O Tim era um membro importante do grupo e em muitas ocasiões um importante aliado em que salvava as crianças de perigo, atacando ferozmente os inimigos do grupo.
Enid Blyton pretendia apenas escrever 8 a 10 livros, mas o sucesso da linha obrigou-a a continuar a escrever e de 1942 a 1962 saíram então 21 livros que se tornaram um sucesso a nível mundial e que deram origem inclusive a uma série de Televisão. Acho que estes livros deviam continuar a ser lidos pelas crianças porque a escrita de Blyton era algo de fantástico, puxava pela nossa imaginação e prendia-nos ao livro com os acontecimentos e a acção constante em cada página. Uma bela colecção sem sombra de dúvidas.
Os Cinco na Ilha do Tesouro (1942)
Os Cinco numa Nova Aventura (1943)
Os Cinco Voltam à Ilha (1944)
Os Cinco e os Contrabandistas (1945)
Os Cinco e o Circo (1946)
Os Cinco e os Espiões (1947)
Os Cinco e os Comboios Misteriosos (1948)
Os Cinco Metem-se em Sarilhos (1949)
Os Cinco e a Cigana (1950)
Os Cinco e as Jóias Roubadas (1951)
Os Cinco Divertem-se a Valer (1952)
Os Cinco e a Luz Destruidora (1953)
Os Cinco no Pântano Misterioso (1954)
Os Cinco numa Aventura Americana (1955)
Os Cinco e as Passagens Secretas (1956)
Os Cinco e os Aviadores Desaparecidos (1957)
Os Cinco e o Mistério na Neve (1958)
Os Cinco e os Gémios Silenciosos (1960)
Os Cinco nos Rochedos do Demónio (1961)
Os Cinco e a Ilha dos Murmúrios (1962)
Os Cinco e o Cientista Distraído (1963)
4 Comments
Li todos!
Na altura era o nosso "Harry Potter" (salvaguardando as distâncias), toda a gente lia. Isso, os Sete e o Colégio das Quatro Torres"!
🙂
Os Sete nunca fui fã, não sei porquê. O outro nem li, e agora é as Gémeas também
Eu só tive "Os Cinco e o Comboio Fantasma". Não era muito fã do aportuguesamento dos nomes das personagens: Júlio – Julian, Ana – Anne, David – Dick, Zé/Maria José – George/Georgina e a explicação em cada volume que a Zé era uma rapariga e não um rapaz. (Se houvesse livros com eles em adultos, decerto que seria com a Zé em mudança de sexo).
Também nunca percebi porque é o cão conta para Os Cinco mas o outro cão não conta para Os Sete.
Da Enid Blyton, também tive o primeiro livro das Gémeas de Santa Clara, que me saiu numa rifa.
Eu acho que foi bem feito o aportuguesamento, até porque maria Zé em rapariga sempre foi associado a maria rapaz nos 80's lol.
Nisso dos Sete e o cão não sei porque, como disse, não liguei a esses. Li um ou outro mas nem lembrava de terem cão também lol