As Bibliotecas Itinerantes da Calouste Gulbenkian fazem parte do imaginário de diversas gerações, possibilitavam a leitura de livros para aqueles que não tinham fácil acesso a estes, ou promoviam a leitura junto das Escolas um pouco por todo o País.
A Fundação Calouste Gulbenkian criou este serviço em 1958 segundo uma ideia de Branquinho da Fonseca, que tinha como objectivos “promover e desenvolver o gosto pela leitura e elevar o nível cultural dos cidadãos, assentando a sua prática no princípio do livre acesso às estantes, empréstimo domiciliário e gratuitidade do serviço.” Isto chegava um pouco a todo o território nacional, com especial incidência nas Aldeias ou locais em que não existiam Bibliotecas Municipais ou não tinham fácil acesso a elas.
Na década de 70 eram muitas as vozes na Fundação que eram contra este serviço, devido aos seus poucos lucros e as muitas despesas que acarretava este tipo de Bibliotecas, mas com o 25 de Abril as coisas continuaram na mesma e quando Vergilio Ferreira assumiu o cargo de director do programa das bibliotecas itinerantes, isto voltou a ganhar uma nova vida.

De 1981 a 1996 ele contribuiu para que isto promovesse cada vez mais uma animação cultural que devia estar ao alcance de todos, com leitura de contos, exposições ou encontros com autores. Sempre vivi relativamente perto de uma biblioteca de bom nível (curiosamente uma Calouste Gulbenkian em Cascais), mas lembro-me de ver a carrinha perto da minha escola Primária de modo a promover a leitura junto dos mais novos e também da escola Preparatória (apesar desta até ter uma boa biblioteca).
A carrinha era toda ela carismática, o modelo Citrôen HY era o escolhido pela fundação para promover as Bibliotecas Itinerantes, com duas portas na traseira que abriam de par-em-par para além de uma parte lateral que abria para cima de modo a facilitar o acesso e a visibilidade desses livros que nos ajudavam a viajar e a conhecer outros mundos. Lembro-me de requisitar alguns livros infantis perto da minha escola Primária, contos de fados ou histórias fantásticas que ajudaram a deixar o bichinho da leitura dentro de mim.
Acredito que tenha sido um excelente serviço para aqueles que não tinham acesso a nada, e sinto orgulho por ter existido algo do género por cá e que ajudou tantos a ganharem o gosto pelo mundo maravilhoso dos livros.
1 Comment
Eu era grande cliente, mas infelizmente era muito irregular… tão irregular que houve um dia que não apareceu mais, ficando eu com os dois livros que tinha para entregar…
Na altura fazia-se algo pela cultura… generalizar e promover!
Na realidade a década de 80 foi grande neste tipo de iniciativas.