A Áustria já tinha dado à Fórmula 1 um excelente piloto, mas nos anos 80 e 90 foi Gerhard Berger quem carregou a bandeira do País pelas pistas de todo o mundo. Um piloto talentoso, simpático e bem humorado, que conquistou os fãs e os seus colegas durante toda a sua carreira, que incluiu passagens por duas das maiores equipas de sempre.
Gerhard Berger nasceu a 27 de Agosto de 1959, começando a correr na Fórmula 3 no começo da década de 80 e com a sua senda vitoriosa rapidamente passou para a Fórmula 1 em 1984, ingressando na ATS e passando para a Arrows logo de seguida. Apesar do seu começo neste desporto ter ficado marcado por um acidente de viação com o seu BMW, Berger conseguiu recuperar, começou a dar um pouco nas vistas e rapidamente passou para a Benneton, onde podia mostrar todo o seu talento e velocidade com o motor BMW que equipava a escuderia na altura.

A Ferrari não ficou indiferente ao seu talento e em 1987 contratou-o, para parceiro de Michele Alboreto e no final desse ano ele começou a vencer grandes prémios e a provar que a aposta tinha sido acertada.
Poles consecutivas e algumas boas vitórias impulsionaram o piloto e a Ferrari para uma época competitiva como há muito não acontecia para os Tiffosi. Teve um bom duelo com Mansell, e em 1988 foi o único piloto a destacar-se do duelo Senna-Prost na Mclaren com uma vitória no grande prémio de Itália e uma Pole no de Inglaterra.
Com um carro rápido mas instável, o piloto ia conseguindo alguns destaques, umas boas vitórias e a intrometer-se bastante nas lutas de outros gigantes da Fórmula 1. Com Mansell do seu lado, a última temporada do piloto Austríaco na Ferrari ficou de novo marcada pela sua intromissão no duelo Senna-Prost e com algumas boas corridas apesar de nesse ano não ter vencido muitos grandes prémios.
A Mclaren-Honda dominava o desporto, e quando Prost anunciou a sua retirada em 1990, ninguém estranhou quando Berger preferiu ir para o lado de Ayrton Senna, deixando a escuderia Italiana à procura de outros vôos. Esta mudança levou muitos a pensar que isto iria mostrar um novo concorrente para o título, mas apesar de ser muitas vezes quase tão rápido como Senna (ou até mais em algumas ocasiões), nunca conseguiu acompanhar a senda de vitórias do Brasileiro, voltando por isso à Ferrari depois de três épocas na Mclaren.
A relação entre Berger e Senna passou de simples colegas para grandes amigos, com o Austríaco a pregar grandes partidas ao Brasileiro, como substituir a foto de Senna no passaporte para a de um pénis, de lhe atirar uma mala janela fora numa viagem de helicóptero quando o Brasileiro se gabava desta ser indestrutível ou de lhe encher o quarto cheio de animais, e quando Senna veio reclamar com ele respondeu apenas “Conseguiste encontrar a Cobra?“. Não se pense que Senna ficava parado, o Brasileiro respondia na mesma moeda, colando todos os cartões de crédito de Berger ou a de colocar um queijo mal cheiroso no sistema de ventilação do seu quarto.
Nikki Lauda persuadiu os Italianos a abrirem os cordões à bolsa, e foi essa aliciante proposta financeira que levou Berger a voltar para a Ferrari apesar desta passar por um período menos bom a nível de vitórias e boas perfomances. O seu retorno não foi muito auspicioso, uns quantos acidentes espectaculares e com apenas um 3º lugar num grande prémio levaram alguns a questionar o salário que o Austríaco auferia na equipa, enquanto que outros achavam que o problema estava na instabilidade do carro, e que a parceria de Berger com Senna podia ser muito valiosa para a Ferrari, para além de ter sido fundamental para o ingresso na equipa de Jean Todt.
Em 1994 conquistou a primeira vitória para a Ferrari num grande prémio desde 1990, isto numa altura conturbada com a morte dos seus colegas e amigos Senna e Raztenberger, numa vitória emocionante. A sua última temporada viu o piloto Austríaco atrás do seu parceiro Alesi, e apesar de ainda competir a bom nível, o espaço na Ferrari ficou cada vez mais reduzido e ele terminou a sua carreira ao serviço da Benneton e aos 37 anos conseguiu mesmo assim algumas pole positions e umas quantas vitórias, deixando o circuito com a admiração dos seus colegas e o carinho do público.
Depois de 210 Grandes Prémios e 14 temporadas, Berger retirou-se levando no seu recorde 10 vitórias, 48 idas ao pódio, 12 Pole Positions e 21 voltas mais rápidas, tendo passado ao lado de uma excelente carreira mas sendo mesmo assim um dos pilotos mais rápidos do circuito e um dos mais respeitados por tudo e por todos. Lembro-me bem das suas temporadas com Senna e Alesi, e que era um dos pilotos com que mais simpatizei.