Volta e meia tinha que ajudar na cozinha, coisas básicas e que por vezes até me divertiam enquanto as fazia, e uma das coisas que eu fazia com agrado era a de ajudar a minha Mãe a passar algo pelo Passe Vite.
Era um objecto estranho e complexo para mim, na minha cozinha havia um deste género, alaranjado e que era peça fundamental quando a minha Mãe fazia um dos pratos preferidos do meu Pai (e um dos que eu menos gostava), a bela da Sopa de Feijão. Eram tempos que mesmo não gostando de comer algo, ainda tínhamos que ajudar a fazer esse mesmo prato, nada que as recentes gerações conheçam já que basta umas bocas e os Pais fazem-lhes logo as vontade todas, mas já estou a divagar.
Colocava-se ali o Feijão e toca a dar à manivela, que era algo que até custava um pouco, para aquilo ficar meio empapado e volta e meia despejar-se um copo de água para cima dessa mistela. Sentia-me um homenzinho a fazer aquilo, e apesar de não gostar do aquilo ia significar para a minha hora de Jantar, mas conseguia abstrair-me e estar ali a ajudar a minha Mãe na preparação desse prato.
Era algo comum em todas as cozinhas, fosse de plástico, metal ou inox, o Passe Vite era indispensável na preparação de alguns dos pratos que comíamos nas décadas de 70 e 80.