Foi no Mundial Itália 90 que vi pela primeira vez o nome de Roberto Baggio, rapidamente fiquei fã desde jogador que para além de marcar muitos golos, foi um dos melhores números 10 da década de 90. Espalhou magia pelos relvados das equipas onde jogou, e carregou a selecção Italiana durante alguns anos, uma verdadeira estrela dentro e fora dos relvados.
Roberto Baggio nasceu a 18 de Fevereiro de 1967, em Caldagno, uma província de Vicenza, Itália. Aos 14 anos jogava nas ruas de Itália com os seus amigos, e no clube do seu bairro onde marcou 46 golos em 23 jogos, ficando debaixo do radar de vários clubes Italianos e foi aí que foi chamado para jogar no Vicenza, quando tinha apenas 15 anos. O seu talento e a sua veia goleador continuou a manifestar-se, e rapidamente foi chamado à equipa sénior, ajudando o clube a subir de divisão e tornando-se rapidamente alvo da cobiça dos gigantes da série A. Foi a Fiorentina que venceu a corrida, contratando-o e esperando que ele se tornasse o grande nome da equipa Viola.
O problema foi que Baggio lesionou-se gravemente nos joelhos num dos últimos jogos pelo Vicenza, tendo que se submeter a uma operação delicada e que o afastaria dos relvados durante algum tempo. A Fiorentina honrou o acordo e colocou todo o seu departamento médico de roda do jovem jogador, que teve azar aquando da estreia pelo clube viola, lesionando-se de novo e tendo que ser operado numa digressão por França. Aos 21 anos decidiu tornar-se Budista, isto num País estritamente Católico, e a partir daí (coincidência ou não) as coisas começaram a correr melhor para o jovem jogador, voltando a jogar regularmente e a ser convocado pela selecção Italiana.
Assumido fã do jogador Brasileiro Zico, Baggio tinha algumas semelhanças com o estilo do talentoso Brasileiro e os seus golos de livre mostravam bem isso. Apesar de ser um fantasista e um típico nº10 que devia armar o jogo e passar a bola, ele marcava bastante golos, praticamente um por jogo e era de todas as formas e feitios, bola corrida, cabeça, livres e pontapés de longe, tudo servia para este jogador colocar a bola nas redes adversárias.
As suas exibições no Mundial de 1990 elevaram-no ao estatuto de mega estrela, assinando um contrato recorde com a Juventus antes do final desse Mundial e o colocando assim num dos grandes de Itália. Mas o carinho e o amor pela Fiorentina ficaram no coração do jogador, protagonizando um episódio caricato num confronto entre as duas equipas no ano seguinte, quando ele se recusou a marcar um penalty a favor da Juventus levando a que ele fosse substituído e que o jogador que tentou a marcação, falhasse o penalty para gáudio de um estádio que aplaudiu de pé a decisão de Baggio.

Na Juventus ele nunca convenceu realmente os críticos e adeptos, fustigado pelas lesões e por algumas más épocas da Vecchia Signora, apesar de a ter ajudado a conquistar a Taça Uefa em 92-93 no ano em que também foi eleito capitão da equipa. No seu último ano na equipa, ele conseguiu vencer o Scudetto, conseguindo finalmente um título de campeão de acordo com o talento deste jogador.
Conflitos com Marcelo Lippi (treinador da altura) e com a concorrência de Del Piero, a venda do jogador era inevitável sendo transferido para o Milão em 1995 e conseguindo conquistar aí o seu segundo campeonato Italiano.
Era bem conhecido a opinião de Baggio em relação ao rumo que o futebol tomava, como verdadeiro fantasista que era, abominava por completo a aposta nos jogadores que corriam mais do que verdadeiramente jogavam.
Na selecção tornou-se a verdadeira estrela da equipa, o nº10 que dominava o jogo, passava a bola e marcava golos decisivos. No Mundial de 1994 ajudou esta a chegar à final, depois de um começo decepcionante e teve um dos piores momentos da sua carreira, quando falhou uma das grandes penalidades entregando assim o título ao Brasil. Isto levou a um afastamento da equipa Nacional, só voltando para o Mundial de 98, depois de uma bela época ao serviço do Bolonha.
De novo em confronto com o seu treinador, o táctico Arrigo Sacchi, viu-se forçado a mudar de equipa de novo, escolhendo o modesto Bologna para renascer de novo para o futebol, rapando inclusive o seu cabelo para ficar de acordo com a sua nova “vida”. Ali e livre das correntes que os outros treinadores o mantinham, foi-lhe dada carta branca para fazer o que quisesse em campo e isso mostrou-se com o seu recorde de golos na série A, marcando 22 golos e ajudando a equipa a conseguir um fantástico 8º lugar.
Tudo isto, aliado às boas exibições pela selecção, fizeram com que um grande de Itália voltasse a apostar nele, desta vez o Inter de Milão. Infelizmente o azar perseguiu de novo este fantástico jogador, com constantes mudanças de treinadores e a chegada de Marcelo Lippi, alguém com que ele tinha uma relação conflituosa. Desde cedo houve desavenças entre eles, e as más exibições da equipa não ajudavam nenhum dos intervenientes. Mesmo assim Baggio demonstrou todo o seu profissionalismo, ajudando a equipa a ir à Champions mesmo significando a sua saída do clube e a permanência de Lippi, com 2 golos no último jogo do campeonato frente ao Parma.
Sempre fustigado por lesões, mas sempre a marcar golos, fazendo assistências e espalhando a sua magia um pouco por todo o lado, sendo um dos últimos jogadores fantasistas e opondo-se até ao fim ao futebol musculado, táctico e sem charme nenhum.
Decidiu terminar a carreira no Brescia, e aqui voltou a mostrar a sua influência levando a modesta equipa a um 7º lugar que lhes podia dar acesso à Taça Uefa algo a que a equipa Transalpina não estava habituada. Continuou a marcar muitos golos, mas também a ter azar com as lesões que o afastavam da equipa em alturas decisivas, nunca lhe permitindo mostrar todo o seu talento e ajudar a sua equipa a alcançar outros feitos.
O seu talento não foi suficiente para ter uma carreira a grande nível, fosse pelo problema das lesões, fosse pelos problemas que teve com diversos treinadores, Baggio podia ter sido um dos jogadores com mais títulos de sempre, algo que iria combinar bem com a sua qualidade dentro de campo.
Marcou mais de 300 golos em todas as competições onde jogou, e o importante nem é a quantidade mas sim a qualidade deles, quase todos dignos de replay e de fino recorte técnico fossem de livre directo ou de futebol corrido. Terminou a carreira em 2005 enquanto ainda jogava pelo Brescia, com um jogo em San Siro contra o Milão, onde todo o estádio lhe prestou homenagem aplaudindo e gritando o seu nome cada vez que este tocava na bola e dando-lhe uma fantástica ovação quando saiu de campo.
Isto provou o amor e carinho com que ele se entregava aos clubes onde jogou e que os adeptos devolviam a ele com seus cânticos e aplausos. Ele merecia outra carreira, para mim devia ter jogado noutro País, mais merecedor da sua técnica e fantasia do que o rígido futebol Italiano, mesmo assim foi para mim um dos melhores jogadores de sempre e um dos meus preferidos.