“Be afraid.. be very afraid!” era a frase que podíamos ver na capa da k7 de VHS do filme A Mosca, um clássico de terror que muitos de nós só viram na TV ou em VHS, já que não tínhamos idade para ir ver ao cinema quando estreou por cá em 1987. Uma frase que caía muito bem no espírito do filme, que nos assustou verdadeiramente e nos marcou para sempre em relação à tecnologia do teletransporte.
O filme é realizado e co-escrito por David Cronenberg, tendo Jeff Goldblum e Geena Davis nos seus principais papéis e um dos maiores sucessos da Fox em 1986. A história é vagamente baseada num filme de terror de 1958, mas que foi reescrita várias vezes, primeiro por Charles Pogue e depois quando Cronenberg entrou a bordo para dirigir o filme. O cineasta exigiu que deixasse a sua marca no argumento, mas foi humilde o suficiente para dar crédito a Pogue na mesma, já que deixou alguma das suas ideias lá e sem outras não chegaria onde chegou.
O filme é bastante interessante e tem uma interpretação muito forte por parte de Goldblum, um cientista que tenta impressionar uma jornalista (Geena Davis que na altura era namorada dele na vida real) mostrando a sua mais recente invenção, 2 máquinas que lhe permitiam tele transportar algo de um lado para o outro. Só havia um pequeno problema, não conseguia fazer esse processo com algo que tivesse carne no seu organismo, provando isso com pedaços de carne e mais tarde com um babuíno que serviu como teste quando Goldblum pensava ter já solucionado o problema.
Mais tarde decide testar ele próprio o aparelho, mas algo corre horrivelmente mal quando uma simples mosca entra no dispositivo, há algo que funde o adn dos 2 seres e faz com que o cientista vá-se tornando lentamente numa verdadeira mosca.
A maquilhagem tratou de tornar isto num processo verdadeiramente grotesco e que no decorrer do filme nos enoja e nos assusta de uma forma muito intensa. A coisa é feita gradualmente, mostra primeiro uma melhoria física e psicológica na personagem, e uma forte vontade de comer grandes quantidades de açúcar a toda a hora.
Goldblum estava com um físico intenso na altura, imponente e que ajudou a olharmos para esta transformação de uma forma mais séria, e a percebermos melhor as mudanças e como aquilo foi denegrindo a sua condição física.
Deu origem a sequela que não teve nem a mesma qualidade nem o mesmo impacto, mas este continua sem sombra de dúvidas com um dos filmes que mais nos marcou e que certamente gravámos quando deu numa Última sessão ou num Pela Noite dentro.