Já falei aqui várias vezes da Fórmula 1 dos anos 80 e 90, mas é complicado não recordar estas temporadas como umas das mais emocionantes da história do desporto e cheias de personalidades marcantes. Para além das rivalidades constantes que animavam a pista e o público, tínhamos verdadeiros cavalheiros no circuito, pessoas que sabiam se comportar e um dos maiores exemplos disso era o Nigel Mansell.
Nigel Ernest James Mansell nasceu a 8 de Agosto de 1953, em Worcestershire, Inglaterra e teve uma carreira na Fórmula 1 que durou mais de 15 temporadas, e tornou-se o piloto Britânico mais bem sucedido de sempre na história deste desporto. Foram 31 vitórias (é o sexto piloto com mais vitórias no circuito), até 2011 deteve o recorde de mais pole positions numa só temporada e é uma presença constante nos top’s de melhores pilotos de sempre.
Mansell não era um piloto que desse nas vistas como tantos outros da sua geração, não conduzia de forma espectacular nem era agressivo ou com grandes discursos na imprensa promovendo rivalidades que chegavam ao extremo. Mas na pista fazia o seu trabalho de forma competente, demorou o seu tempo para vencer campeonatos (foi dos pilotos que mais grandes prémios teve antes de conseguir uma vitória no campeonato) mas teve sempre uma carreira exemplar e uma rivalidade com Nelson Piquet que ajudou a animar as coisas.
Em 1980 foi-lhe oferecido um teste na Fórmula um pela Lotus, que passou com distinção e foi contratado pela equipa, onde ficou por 4 anos, conduzindo carros instáveis e onde consegui terminar as corridas apenas por 24 vezes (em 59 corridas), e ficando muitas vezes atrás do seu colega de equipa, Elio de Angelis. Apesar disso a boa relação que tinha com o dono da equipa, fazia com que tivesse um estatuto de piloto número um na mesma, algo que mudou quando Chapman faleceu e o ambiente na Lotus ficou tudo menos agradável para o piloto Britânico.
Não foi por isso de estranhar que em 1985 mudasse de equipa, e assinasse pela Williams onde ficaria como parceiro de Keke Rosberg (o campeão em 1982), que não aceitou muito bom a sua vinda para a Williams mas que rapidamente mudou de ideias e começou a dar-se bem com o piloto Britânico formando uma boa dupla na Fórmula Um. Na sua primeira época conseguiu 2 vitórias consecutivas, as primeiras na sua carreira e que em conjunto com os bons resultados que os motores Honda ajudavam a conseguir, ajudou-o a estabelecer uma reputação como um dos melhores do circuito.
Em 1986 teve com parceiro o campeão mundial Nelson Piquet, que começou os seus jogos mentais com Mansell e a tentar o perturbar e ficar sempre à sua frente. Isso levou a um campeonato emocionante, onde no final tanto Prost, Piquet ou Mansell podiam ser os campeões. A disputa dos 2 colegas de equipa continuou em 1987, onde Piquet conseguiu ser tri-campeão mundial num campeonato onde segundo o Brasileiro “foi a vitória da sorte sobre a estupidez” e que tinha sido também muito mais regular que o Britânico.
Com a perda dos motores Honda, os Williams começaram a perder a competência na pista e em 1989 o Britânico tornou-se o último piloto a ser escolhido pessoalmente por Enzo Ferrari (pouco antes da sua morte), que chegou-lhe a oferecer um Ferrari F40 de presente. Mansell conseguiu ser o primeiro piloto a vencer uma corrida na sua estreia pela Ferrari, e também o primeiro a vencer com um carro com mudanças semi-automáticas. A perfomance do piloto na Ferrari não foi má de todo, mas quando a equipa contratou Alain Prost as coisas mudaram de figura, e o Britânico começou a ser relegado para segundo piloto, algo que não lhe agradou nem um pouco e que o levou a regressar à Williams.
Esse regresso não foi pacífico, ele tinha uma lista de exigências que queria ver concretizadas, e uma delas era de ser sempre o número um da equipa de forma clara. Este regresso ajudou a Mansell consolidar a sua carreira, disputou de forma aguerrida algumas corridas com Senna, mas provando o seu cavalheirismo nunca entrou em grandes rivalidades e chegou a ter momentos de grande amizade, como a cena onde deixa Senna sentar-se no seu carro quando estava a dar a volta da vitória e assim dar boleia ao piloto Brasileiro que estava apeado.
1992 foi o ano de Mansell, conseguiu cinco vitórias consecutivas (recorde único que só foi batido por Schumacher em 2004) e 9 vitórias na temporada, conseguindo assim vencer um campeonato que disputou a dada altura com o piloto Brasileiro Ayrton Senna. Apesar disto tudo continuava com problemas na Williams, que fez com que o piloto se retirasse da fórmula 1 e experimentasse os carts da Indy, onde conseguiu ser campeão na sua época de estreia e tornou-se no único piloto a ter os dois títulos ao mesmo tempo.
Ele ainda voltou ao desporto maior do automóvel, e a sua experiência como campeão o tornou um alvo muito apetecível. Nunca mais teve perto de um campeonato e abandonou pouco depois o circuito, com os seus três vice campeonatos e um título de campeão na carteira para além de muitos recordes que demoraram anos para serem batidos. Nunca fui grande fã do piloto (nem o jogo de consola gostei), mas tinha grande respeito por ele e pelo que já tinha conseguido na fórmula um.
1 Comment
Não era agressivo nem conduzia de forma espectacular? Pelo contrário! Por ser agressivo é que nos anos que passou pela Ferrari os Tiffosi lhe deram a alcunha de "Il Leone" (O leão)