Hoje fala-se de uma personagem que marcou várias gerações em todo o mundo, que marca presença na TV desde a década de 60 tornando-se uma personagem muito querida tanto em Portugal como no Brasil. Topo Gigio foi mais que uma figura de merchandising, foi uma personagem que roeu o caminho até ao nosso coração e nunca mais saiu de lá.
Topo Gigio foi uma criação de Maria Perego, uma Italiana sonhadora que criou em 1969 um rato que veio rivalizar em popularidade com outros ratos famosos, tanto em Itália como em muitos Países por esse mundo fora provando que as crianças gostavam mais de ratos do que os adultos. Começou a ser exportado logo após a sua criação, e o Brasil foi um dos primeiros a colocar este pequeno rato de olhar meigo e traquinas na Televisão num programa de sucesso com o actor Agildo Ribeiro. Nos anos 60 uma verdadeira febre afectou o País com tudo a querer ver as conversas do rato com o apresentador e as lojas foram inundadas por uma maré de merchandising.
Por cá ele só chegou na década de 80, num programa do pianista Rui Guedes, que adoptava o mesmo estilo de se colocar a conversar com este pequeno rato que tinha a voz de António Semedo. Mas o público Português já conhecia a personagem, apenas não com tanta regularidade ou destaque, mas ele era presença assídua no programa Sequim d’Ouro sendo co-apresentador ou apenas aparecer como convidado nesse programa.

Agildo Ribeiro e Topo Gigio |
A RTP apostou bem na dupla Rui Guedes e o Rato Gigio (sim porque Topo é rato), marcando presença nos finais de tarde de Domingo de 1981, mantendo conversas animadas sempre temperadas com muita música da autoria de Guedes e de um grande nome da Música Nacional, o de José Cid. Muitas dessas músicas eram editadas depois em single, umas com sucesso, outras nem por isso mas sempre muito conhecidas do público Infantil, e mais ainda quando se decidiu que o Rato iria também cantar uma música para crianças Portuguesas irem para a cama.
Também tivemos direito a muito merchandising, e era uma daquelas figuras televisivas que agradava a todos, os Avós achavam piada ao pequeno animal, os mais novos vibravam com aquela personagem e os Pais achavam que até transmitia bons valores à criançada. Curiosamente em alguns Países isso foi caso de protesto, existiam pessoas que diziam que o rato apenas apelava ao lado bom da criança, deixando de lado a maldade necessária para o equilíbrio emocional e necessário ao crescimento da criança.
No Brasil já andava arredado da Televisão, mas existiram três tentativas de recuperar a personagem, com a TV Bandeirantes a colocar programas no ar em 1980, 83 e 87, mas longe do sucesso que teve nos anos 70 apesar de continuar a ser uma personagem querida pela criançada.
Cá continuou a marcar presença no Sequim d’Ouro mas deixou de ser uma presença regular na nossa TV, apesar de continuar na memória e corações de todos os que o viram e continuar a ser uma das figuras mais famosas que todos se lembram mal a vêem. Provavelmente ninguém mais apostou nesta personagem por causa dos valores altos cobrados pelos detentores dos seus direitos, a mesma razão que desaparece dos ecrãs mesmo em outros Países com maior poderio económico que Portugal. Uma curiosidade em vários Países era o facto do boneco apelar sempre a que as crianças não se esquecessem de rezar, chegava a incluir em muitas das suas músicas a necessidade de Orações, mais uma prova da boa influência que tentava ter nos mais novos.

Cadernos do Topo Gigio |
Só voltou a aparecer regularmente por cá nos anos 90, quando Ediberto Lima abriu os cordões à bolsa e apostou nesta figura nostálgica para fazer companhia ao João Baião no Big Show Sic. A criança dessa década abraçou o ratinho com a mesma paixão dos da década transacta e levou o canal a apostar inclusive no desenho animado produzido em 1988 pela Nippon Animation e que era ainda inédito no nosso País.
Tem andado sumido dos ecrãs, mas nunca será esquecido por todos aqueles que cresceram entre as décadas de 60 e 90, muitos de nós ainda guardam os bonecos e peluches que receberam nessa altura de uma personagem que adorávamos ver no pequeno ecrã. Eu particularmente adorava a voz do António Semedo, achava que dava a personalidade certa ao ratinho e contribuiu em muito para o sucesso desta em Portugal.