O Campeonato Italiano era um dos mais interessantes de se ver na década de 90, muitas equipas tentavam disputar o título e as competições europeias e tornavam por isso tudo muito interessante. Os grandes jogadores e treinadores queriam ir para Itália e quando dava algum jogo na nossa televisão ficávamos todos colados ao ecrã. A Sampdoria foi um dos clubes que marcou essa década e que pudemos apreciar a jogar um belo futebol.
Uma equipa que costumava andar pelos escalões inferiores, a Sampdoria começou a chamar a atenção no final dos anos 80 com bons resultados na Serie A do Calcio e pela Europa onde conquistou a Taça das Taças no final dos anos 80 e começo dos anos 90, querendo mostrar que nessa década seriam uma força a temer. Com uma defesa sólida assente no guarda-redes Pagliuca e defesa Vierchwood, o talento no meio campo do Italiano Lombardo e do Ucraniano Mykhaylychenko que alimentavam na perfeição uma dupla atacante temível, a de Vialli e Mancini. Em 90/91 venceu surpreendentemente o Calcio, passando à frente de favoritos como Milão ou até Nápoles e foi na época seguinte a surpresa da Taça dos Campeões Europeus, conseguindo ir até à final na sua estreia nesta competição onde perdeu com o todo poderoso Barcelona de Cruyff.
No campeonato Nacional as coisas não correram muito bem e ficaram num Sétimo lugar, vendo algumas estrelas da equipa e o seu treinador irem para outras paradas deixando assim o clube sem alguns dos seus principais nomes. O treinador Sueco Sven-Goran Eriksson volta a Itália (Depois de três boas épocas ao serviço do Benfica) e o clube aposta em algumas contratações sonantes para voltar aos lugares cimeiros. Gullit, Lombardo, Mancini, Chiesa, Seedorf, Karembeu, Platt e Pagliuca foram alguns dos nomes que passaram pela equipa nos cinco anos do Sueco (de 1992 a 1997) que mesmo assim nunca conseguiu vencer nada na equipa de Génova apesar de chamar a atenção com a qualidade dos seus jogadores e a mentalidade ofensiva da equipa.

Gullit e Platt foram duas injecções de qualidade nos Genoveses, Eriksson não foi muito além do 6º lugar mas a equipa era sempre considerada um adversário complicado e quando dava um jogo na televisão, sabíamos que íamos ver um bom desafio com aquela equipa que tinha um equipamento estranho com umas riscas horizontais no meio da camisola.
O Português sempre foi muito de apoiar o Estrangeiro que já passou pelo nosso País (e que deixou saudades), e por isso era normal a equipa de Eriksson ter algum destaque nos telejornais ou programas desportivos, era seguida como se fosse o Mónaco de Rui Barros.
Todos os anos haviam contratações sonantes, como a do veterano Walter Zenga ou o promissor Clarence Seedorf, mas a equipa ficava pelos lugares europeus e afastada da luta pelo título. Apesar disso o clube tinha boas campanhas na Taça Uefa, chegando quase sempre longe ou tendo sempre jogos emocionantes que chamavam a atenção de todos.
A equipa de Eriksson misturou sempre jogadores jovens muito promissores com jogadores de qualidade que estavam no pico da sua carreira. A dupla Gullit-Mancini foi tão letal como a que o Italiano havia formado com Vialli e eles tinham quase sempre o melhor ataque do campeonato (ultrapassando muitas vezes o do campeão), mas havia o reverso da medalha que era o de (apesar da segurança defensiva de Pagliuca) sofrerem muitos golos e por isso causar um mal goal average.
Mesmo assim era fã da equipa, gostava do conjunto de jogadores e do futebol de Eriksson, e tinha pena quando eles não iam mais longe porque achava que mereciam mais do que outras equipas de peso. O Sampdoria foi perdendo fôlego ao longo da década e no final dos anos 90 chegou a descer de divisão, nunca mais retomando o seu lugar europeu e o destaque que teve nos anos 90.
Mas para quem é fã de futebol, as equipas de Sampdoria do final dos anos 80 e começo dos 90 ficarão na memória de todos como uma das equipas mais temíveis da Europa.