Muitos começaram a andar de Mota com uma Casal Boss, uma marca Portuguesa que produziu motorizadas que foram um sucesso e ainda hoje são recordadas com saudade.
Isto começou ainda nos anos 50, quando João Casal não conseguiu autorização por parte do governo Português para começar a produzir motorizadas com motor Zundapp (provenientes da Alemanha), muito por culpa da pressão de outro fabricante, a Famel. Uniu-se então a dois irmãos e um primo, e tentou de novo na década de 60 conseguir o almejado alvará, desta vez já com uma oficina pronta para montar e preparar os motores que já começara a importar da Alemanha.
Apesar dos enormes protestos das fábricas que já existiam, a Casal e irmãos consegue licença para motores até 250cc, fruto de cultivar sempre uma boa relação com os governantes e de já ter uma boa estrutura montada. A Famel contra ataca e consegue a licença para importar os motores Zundapp para Portugal, esperando assim esmagar este novo concorrente, mas a boa relação de João Casal com a marca Alemã faz com que um dos seus principais engenheiros venha para Portugal e o ajude na construção de motores Casal de qualidade.

Foi em 1966 que apareceu a Scooter Carina, que veio satisfazer uma procura por motas do género mas com menor cilindrada (e conseguindo competir com as Vespa) e conseguiu assim ser uma das principais armas para a Casal se impor em Portugal. A Metalurgia produzia a todo o gás, é lançada a motorizada K160 e antes do final da década já compete com a Famel e a Vilar na produção de jantes de alumínio para motorizadas.
Os anos 70 são mais conturbados, a luta dos sindicatos pelo aumento dos salários (o que foi conseguido), o aumento do preço das matérias primas, a proliferação de pequenas fábricas e a obrigatoriedade de usar capacete com uma mota foram alguns dos factores para que houvesse uma quebra na facturação. Em 1973, é posta á venda a Casal K270 de 125cc, que sofreu um teste em estrada com a duração de 15 000 km em 48 dias, em que foram atravessados os seguintes países:
Portugal, Espanha, França, Itália, Jugoslávia, Bulgaria, Turquia, Grécia, Austria, Alemanha, Suiça, Dinamarca, Suéçia, Holanda e Belgica.
O fim de regime fascista veio prejudicar a companhia que foi definhando nos anos 80 e 90. Mas lembro-me de ouvir os donos de uma Casal Boss falarem com orgulho da sua motorizada, os dois modelos de maior sucesso foram Casal K168 Boss e Super Boss que fazem parte da história das estradas Portuguesas. Uma empresa que acabou por falir no começo do Século XXI e foi tratada com algum desrespeito pelos responsáveis camarários para uma companhia que levou o nome de Portugal para o estrangeiro e foi tão importante no nosso país.
