A RTP apostava muito em séries de produção Nacional nos anos 90, mesmo que fossem adaptações de outras séries estrangeiras, e o Sozinhos em Casa é um dos melhores produtos dessa safra, uma sitcom fantástica com dois grandes actores, Henrique Viana e Miguel Guilherme.
Sozinhos em Casa estreou na RTP em 1993, numa adaptação de outros clássicos como The Odd Couple que colocava dois amigos completamente diferentes a viverem juntos. A realização foi do talentoso Fernando Ávila enquanto que os textos e diálogos tinham o dedo de “monstros” do audiovisual Português como Carlos Cruz, Mário Zambujal e Virgílio Castelo. Carlos Cruz também dava voz ao narrador que nos dizia o que tinha acontecido na vida destes dois amigos antes do começo de cada episódio.
:”No dia 12 de Março, ao meio-dia e quarenta e cinco a mulher de Félix Barata convidou-o, amavelmente, o marido a fazer as malas e sair de casa. Féliz partiu optimista, seria apenas uma tempestade passageira por isso pediu abrigo temporario ao seu amigo Oscar Ventura. Oscar vivia só alguns anos antes também sua mulher o tinha deixado pedindo encarecidamente para nunca a procurar. Será que dois divorciados podem viver Sozinhos em casa”

Óscar Ventura (Henrique Viana) era um conhecido jornalista desportivo que tinha uma forma de viver muito casual e sem muitas preocupações, para ele lavar as meias no lava loiças e deixar elas a secar na porta do frigorífico era perfeitamente normal. Tinha uma ânsia pela fama e pelo dinheiro fácil e era comum meter-se em esquemas que não davam bom resultado.
Félix Barata (Miguel Guilherme) trabalhava como fotógrafo, gostava de viver uma vida com regras e com tudo bem alinhadinho, para além de ser um maníaco das limpezas e um hipocondríaco de primeira (para além de ter graves ataques de sinusite). Como é lógico a vida em comum entre duas pessoas tão diferentes só podia dar situações muito engraçadas, e os textos ajudavam bastante nisso para além de um belo leque de actores convidados como António Assunção, Camacho Costa, Marques d’arede, Manuel Cavaco entre tantos outros.
Um dos episódios que mais gostei foi do Óscar a ser entrevistado para a televisão (pelo José Pedro Gomes) e não consegue dizer nada, e só se sente à vontade quando começa a contar episódios caricatos do Félix muito para gáudio da audiência mas tristeza do seu amigo. Foram mais de 50 episódios entre 1993 e 1994 e que podem rever na RTP Memória, algo que aconselho vivamente caso se queiram divertir um pouco.