Um dos maiores enganos do final do Século XX, uma mentira propagada pela SIC que assim visava conseguir mais audiências através deste pequeno objecto, o DOT. Era algo que tínhamos que colar na nossa televisão e depois nem podíamos mudar de canal, isto tudo porque só assim nos habilitávamos a vencer prémios.
A SIC já tinha praticamente a liderança das audiências televisivas, mas isso não a impediu de uma ideia fantástica para que as pessoas nem sequer mudassem de canal e ficassem apenas a ver a programação e a publicidade deles. Imagino o quão caro não devem ter sido os minutos de publicidade nessa altura, o canal podia garantir que as pessoas iam ver aqueles anúncios e não iam fazer zapping, afinal ninguém queria perder os prémios. Foi a arma usada para combater a emergente TVI que começava a ameaçar a liderança com a estreia do Big Brother.
Foi então que apareceu o DOT, um pedaço de cartão com ar simpático que aparecia em publicidade no canal onde explicavam que bastava comprar este pequerrucho, colar no canto superior do ecrã e nunca mudar de canal, assim ficaríamos habilitados a vencer prémios magníficos.
O ano 2000 foi por isso dominado por estes pequenos pedaços de cartão arredondados, que se compravam junto com jornais ou revistas em qualquer tabacaria e fazia cafés inteiros, cabeleireiros e afins ficarem na conversa de como é que aquela “tecnologia” funcionava. E a coisa não era para menos, afinal como é que aquele pedaço de cartão, que só vinha pintado e com um pouco de cola sabia que a gente não mudava de canal?

TV Mais, Postos da BP, McDonald’s eram alguns dos locais onde podíamos comprar estes pequenotes, e as vendas deles subiram em flecha depois de se associarem a este projecto, provando que não seria só o canal de TV e seus anunciantes a beneficiarem disto. Alguns dos prémios eram 80 automóveis, 80 abastecimentos de 50.000$00 de combustível BP, 112 scooters, 112 viagens e 112 Nintendo 64.
Era um microchip dentro do cartão? Era tecnologia avançada ao nível do que a NASA utilizava? Ninguém sabia mas era óbvio que aquilo não apresentava muita confiança, era de fabrico simples e não se percebia de facto como raio aquilo podia entrar em contacto com algo e saber que estivemos sempre no mesmo canal.
Segundo a empresa que desenvolveu o produto, a multinacional Holandesa TV MIles e uma entrevista dada ao Expresso pelo seu responsável Andrej Henkler , “O processo funciona como uma máquina fotográfica, em que os buracos do Dot são como a lente que focam o sinal. É essa informação combinada, que é registada em cada um dos buracos, que activa o Dot”.
Segundo informações do blog do Dioguinho , A base é uma película fotossensível que dispensa produtos químicos para ser revelado. Basicamente essa película iria reagir a um determinado tipo de luz, um sinal do tipo RGB (vermelho/verde e azul) desencadeava a alteração da composição. Caso mudasses de canal o processo iria ser interrompido porque ele só atuava consoante determinadas ondas de luz. Seriam estas as informações dadas pela multinacional.
Supostamente era feito um sorteio no Big Show Sic, mas nunca me lembro de ver ser anunciado algum vencedor ou sequer de muitos sorteios. Foi algo que tão rápido apareceu, e tão rápido desapareceu, mas que foi uma ideia de mestre isso ninguém pode duvidar.
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