Hoje recordo um dos melhores jogadores a alinhar pelo Liverpool, o Galês Ian Rush. Um avançado de pontaria certeira que conquistava a atenção de todos, dentro e fora do relvado. Um dos melhores futebolistas da década de 80, liderando ainda hoje a lista de melhores marcadores quer do Liverpool quer da selecção do País de Gales.
Ian James Rush nasceu a 20 de Outubro de 1961, começando a sua carreira sénior em 1978 no Chester City, clube onde começou a dar nas vistas com a sua veia goleadora e a sua altura imponente. Depois de umas boas exibições na taça de Inglaterra começaram a surgir interesse de alguns dos grandes clubes da primeira divisão, e apesar de ser fã enquanto criança do Everton, foi pelo Liverpool que assinou em 1980, iniciando uma parceria que iria durar sete anos, altura em que tentou a sua sorte na Itália quando foi jogar pela mítica Juventus.
A sua primeira temporada pelos “Reds” foi de aprendizagem, algo comum no clube onde faziam com que os mais jovens aprendessem toda a mística do Liverpool antes de começarem a jogar pela primeira equipa. O seu primeiro golo foi em 1981 num jogo europeu, começando a marcar de seguida na liga e ajudando a equipa a passar do meio da tabela para os lugares cimeiros. Em 49 jogos pelo clube, marcou 30 golos mostrando toda a sua eficácia, e sendo uma peça fulcral no 11 que deixou o 10º lugar da tabela e chegou ao primeiro, fazendo com que o campeonato voltasse para Anfield.
Voltou a repetir isso em 1983, onde foi considerado o melhor futebolista jovem devido ao campeonato que fez numa equipa que voltou a dominar tudo e todos, conquistando a dobradinha Taça da Liga/Campeonato. Nessa temporada marcou 47 golos em 65 jogos, sendo o jogador que mais golos marcou numa época em qualquer equipa profissional da altura, e para isso também ajudou a campanha europeia do Liverpool, onde venceram a final da Taça das Taças frente ao Roma.
Em 1984-85 a equipa não venceu nenhum troféu, mas conseguiu chegar à sua quinta final europeia que ficou marcada pelos incidentes provocados pelos Hooligans e que fizeram com que 39 adeptos Italianos morressem. Isso levou a que todos os clubes Ingleses fossem banidos das competições europeias, algo que marcou pela negativa uma época já de si complicada, onde os vermelhos viram os seus vizinhos de Everton a conquistarem o campeonato e ficando assim sem nenhum troféu.
Isso mudou na temporada de 1985-86, onde o Liverpool conseguiu a sua primeira dupla FA Cup/Campeonato, e sendo tudo mais saboroso quando ambos foram conquistados em luta directa com o eterno rival Everton. A temporada que Rush efectuou ajudou a isso, marcando golos decisivos e provando que estava ali para ser um símbolo do clube. Apesar disso tudo, o próximo treinador em Anfield não contava com o goleador e este acabou por rumar para outro país, onde assinou pela Juventus pela soma recorde de mais de 3 Milhões de Libras.
Ainda teve uma temporada de empréstimo com o Liverpool, onde marcou 30 golos mas não venceu nenhum troféu, vendo o rival Everton a ficar à frente e perdendo a taça para o Arsenal. A possibilidade de jogar nas competições europeias (os Ingleses continuavam banidos) e de melhores salários, convenceu o jogador apesar de saber que iria enfrentar grandes dificuldades já que as defesas Italianas eram muito mais complicadas de furar e isso demonstrou-se quando no final da temporada marcou apenas 8 golos em 29 jogos.

Apesar da sua equipa de sempre ter feito uma grande temporada enquanto ele esteve noutro País, o seu regresso foi recebido com entusiasmo por parte dos fãs, mesmo quando a equipa tinha 2 bons avançados na altura, Peter Beardsley e John Aldridge. Seria a segunda passagem pelo estádio Anfield, e desta vez seriam mais oito anos de 1988 a 1996.
A forma de jogar destes avançados era muito semelhante, o que impedia que jogassem em conjunto e a boa forma (aliada aos golos que marcava) de Aldridge faziam com que Rush ficasse no banco durante boa parte da época. Mesmo assim o Galês mostrou um crescimento de forma, algo patenteado na final da FA cup em 1989, onde marcou dois golos na vitória sobre o rival Everton por 3-2.
Foram deles os golos da vitória, isto depois de Aldrige ter aberto o marcador aos 4 minutos de jogo, mas o Everton conseguiu por duas vezes chegar ao empate até que aos 103 minutos Rush decidiu a entrega da taça.
Os clubes de Liverpool, os seus jogadores e os seus adeptos mostraram que podiam conviver e dar um grande espectáculo de futebol, isto depois dos acontecimentos na meia final entre o Nottingham e o Liverpool onde morreram mais de 90 adeptos e marcaram assim a final desse ano. Mas foi o único título dessa época, perdendo o campeonato para o Arsenal.
Rush voltaria a conquistar o campeonato na temporada de 1989-90, mas não teria oportunidade de jogar na Europa, já que o levantamento do castigo aos clubes Ingleses excluía o Liverpool, que ficaria mais um ano de fora dessas competições. Só conseguiu jogar numa em 1992, quando o clube ficou no segundo lugar e assim possibilitou a que Rush e seus companheiros voltassem à Europa depois de quase 10 anos de fora de forma forçada.
As lesões impediram que ele ajudasse a sua equipa a fazer algo mais que o 6º lugar, a primeira vez desde 1981 que o clube não era campeão ou terminava em segundo lugar. Apesar disso venceram mais uma Taça, mas foi o começo de de uns anos complicados para o clube e para o jogador que só voltou a vencer algo quando conquistaram mais uma taça da Liga em 1995. Perdendo lugar no 11 titular para jovens jogadores como Robbie Fowler, a transferência do veterano jogador parecia iminente e em 1996 ele deixou Anfield e andou por clubes como Leeds United ou o Newcastle antes de pendurar as chuteiras em 2000, muito longe da sua forma e dos golos que costumava marcar.
Na selecção nunca conseguiu jogar numa fase final, apesar de por vezes ficar um pouco perto disso e ter até marcado o golo de vitória numa fase de qualificação contra a poderosa Alemanha. Ainda hoje tem o recorde de mais golos marcados pela selecção do País de Gales. Como tantos outros jogadores, acabou a sua carreira e dedicou-se à de treinador apesar de nunca ter conseguido muito sucesso nisso.
Lembro-me bem de ver este jogador Alto e dono de um bigode imponente como parte principal de uma das minhas equipas favoritas na Europa, o Liverpool. Quem mais gostou de o ver jogar?