Mais uma bela série Portuguesa com a qual a RTP nos presenteou no final dos anos 80, Lá Em Casa Tudo Bem contava com um elenco de luxo e foi uma criação de alguns dos grandes nomes do audiovisual Português, sendo um sucesso de audiências na RTP2 que levou à sua retransmissão anos mais tarde no Canal 1.
Lá Em Casa Tudo Bem foi uma criação de Mário Zambujal, Raul Solnado e Nuno Teixeira que idealizaram a série como se de uma peça de teatro se tratasse (filmada toda de seguida e não em sketchs), o que levou também à ideia de filmarem a coisa ao vivo para a atmosfera ser diferente quer para os actores quer para os telespectadores. Gravada nos estúdios Edipim, neles foi reunido um elenco de luxo encabeçado pelo próprio Raul Solnado e com nomes como Manuel Cavaco, Armando Cortez e Margarida Carpinteiro.
A realização ficou a cargo de Nuno Teixeira e Jorge Rodrigues com a produção musical a cargo de Thilo Krasmann que tratavam de dar vida aos textos de Artur Couto e Santos, Luís Campos, e também Mário Zambujal e até Rosa Lobato Faria que escreveram um episódio cada. Couto e Santos recordou no Blog dele que lhe custava escrever um argumento para 25 minutos e por isso desistiu a dada altura deixando o lugar para Luís Campos, mesmo assim foram 10 episódios com as ideias deste conhecido autor que respondeu afirmativamente ao desafio de Raul Solnado de colaborar nesta nova sitcom.

Solnado era Horácio Pires Peres, presidente do Sport Clube da Carregadinha e um empresário de sucesso no ramo do calçado, Apesar disso preferia passar mais tempo em casa, atrapalhando assim a vida doméstica da sua mulher Esmeralda (Margarida Carpinteiro) que é um dos seus maiores apoios apesar de ser uma pessoa sempre no mundo da lua e bem distraída. Tinham em Lopes e Gracinda (Armando Cortez e Amélia Videira) o casal amigo que frequentava a casa com frequência. Lopes para além de amigo era também um sócio preocupado com o futuro do seu clube, para além de ser o presidente da junta da freguesia onde o clube se encontrava.
Uma das minhas personagens favoritas da série era a vivida pelo grande Manuel Cavaco, que era para além de empregado na sapataria, uma espécie de braço direito no clube presidido por Horácio. Clemente era uma pessoa muito tímida e respeitadora do seu patrão que o idolatrava e considerava um génio, tendo alguma dificuldade na convivência com outro elemento do clube, O Sargento Rafael (Rui Luís) que estava sempre bastante animado e pronto para a diversão. Para fechar o elenco principal tínhamos ainda a filha de Horácio, Marta (Natália Luísa) que vivia um romance Romeu e Julieta com o filho do presidente do clube rival do seu pai.
A série teve alguns actores convidados de grande qualidade, Herman José como Presidente da Câmara, Nicolau Breyner como presidente do clube rival (e num episódio serviu como Anjo e Diabo) e António Feio como seu filho. Tivemos também Maria Vieira como noiva de Rafael e Carlos Cruz a fazer dele mesmo e a entrevistar Horácio.
Foram 38 episódios transmitidos em horário nobre pela RTP 2 entre Novembro de 1987 e Agosto de 1988, sendo repetida diversas vezes na década seguinte quer no Segundo Canal quer no Canal 1 (lembro-me de ver aí durante a tarde). Não era muito fã das gargalhadas exageradas e palmas constantes, e pelo que descobri também Raul Solnado achava que quebrava o ritmo da história. Achava bastante piada ao genérico com caricaturas dos actores (feitas por Vitor Sá Machado) e nunca tinha percebido bem porque a personagem principal não era alvo de uma, vindo a descobrir agora que foi por opção do próprio Solnado que não quis ser alvo de uma caricatura.
Quem mais se divertiu com a série?
Alguma info retirada de http://brincabrincando.com/