Uma das grandes personagens da literatura, Hercule Poirot teve também direito a filmes, telefilmes e uma série televisiva que esteve décadas no ar com um actor com o qual identificamos logo com a personagem, o David Sauchet. Recordar um pouco do detective Belga criado pela escritora Agatha Christie.
Hercule Poirot foi baseado em outros detectives ficcionais da sua altura e teve também influência do maior de todos, Sherlock Holmes. Agatha Christie afirmou que criou o detective Belga seguindo alguns passos da criação de Arthur Conan Doyle, o facto de ser um detective algo excêntrico, ter um parceiro que era o oposto e até de ter um inspector da polícia de personalidade semelhante, sublinhava essas parecenças.
Teve 33 livros, mais de 50 contos curtos e uma peça de teatro tudo isto entre o período entre 1920 e 1975, tudo isto com o carisma de um homem baixo, bem vestido e com um bigode que era como que um cartão de visita. Era bastante analítico e calmo, sereno na forma de abordar os casos e adepto de uma pontualidade que fazia questão de cumprir sempre acompanhado com o seu relógio de bolso.
Teve Arthur Hastings como parceiro, a sua secretária Felicity Lemon e o Inspector Harold Japp como companheiros em muitas das suas histórias, e o sucesso destas fizeram com que fosse uma personagem apetecível para adaptações à rádio, TV e cinema. Austin Trevor foi o primeiro a aparecer diante de uma câmara como Poirot, adaptando a peça que existia do detective e chegou a surgir em mais que um filme. Albert Finney teve a particularidade de ser nomeado para o Óscar, pela sua interpretação no filme Murder on the Orient Express e Peter Ustinov começou a ser o primeiro rosto que muitos ligaram à imagem de Poirot devido aos 6 filmes que protagonizou entre 1978 e 1988.

Vi alguns desses filmes, mas para mim (e tantos, tantos outros) foi David Suchet que interpretou na perfeição os tiques e tudo aquilo que constituía a personalidade de Hercule Poirot. A prova disso foi que a ITV manteve isto no ar desde 1989 até Julho de 2013, um caso de longevidade raro mas merecido quer pela qualidade do actor, quer pelos argumentos dos episódios que tinham sensivelmente uma hora de duração e eram sempre uma história contida ou então algo contado em duas partes.
Lembro-me de ver isto nos dias de semana, no começo da tarde a meio da década de 80 na RTP 1, via quando saía da escola e gostava sinceramente daquilo tudo, apesar da minha tenra idade pedir mais desenhos animados do que séries com mistério e coisas adultas. Talvez a sua forma de agir metódica e sua excentricidade que por vezes o tornava algo irritante mas fazia também parte do seu charme.
Poirot estava a residir em Inglaterra aquando do começo da I Guerra Mundial, mas por vezes viajava até outros países, o que dava o ar soturno necessário a alguns dos casos apresentados. Raramente era contratado por alguém, entrava nos casos por estes terem acontecido perto de si ou então por conhecer algum dos envolvidos. A polícia nunca lhe pedia ajuda, mas Japp também não o afastava e no fundo até esperava pelos seus palpites.
O conceito era quase sempre o mesmo, o suspeito raramente era aquele que pensávamos ser e era outra pessoa que julgávamos inocente. Só li alguns livros quando era mais novo, e não me recordo se era assim nos livros também, mas gostava bastante de ver esta série.