Lembro-me bem de estar em casa e ouvir o apito característico do Amolador, sinal que lá estaria ele a empurrar a sua moto ou bicicleta, avisando assim quem quisesse arranjar suas facas ou guarda chuvas.
Não sei precisar desde quando, mas sempre ouvi falar e sempre ouvi um amolador a passar em algum lugar que eu estivesse. O certo é que também raramente vi alguém a solicitar os seus préstimos, mas há quem os utilize para consertar algo ou afiar algo por casa. Tesouras, facas e guarda chuvas eram alguns dos objectos entregues a estes trabalhadores que andavam ao sol e à chuva, dia após dia.
A bicicleta ou mota levam a pedra de amolar, e os amoladores fixam a roda traseira ao chão para a poderem usar unindo-a ao esmeril mecânico. O amolador percorre assim as vilas, aldeias ou ruas de cidades (por norma as que sabem estar habitada por população idosa) e fazem-se anunciar com uma flauta de pã ou uma gaita que faz o som característico que todo o Português reconhece.
A minha Avó (e outras pessoas) costumavam dizer que ele anunciava a chuva, que iria chover pouco depois do Amolador passar e tocar a sua música, algo que nunca me pareceu muito lógico a não ser que fosse para ele arranjar os guarda chuvas, criando assim uma necessidade de os usar.