Joaquim Letria é uma figura importante na Televisão, Imprensa escrita e até na rádio, conhecida por falar de tudo sem receios, é um excelente comunicador e alguém que consegue cativar uma audiência com o seu carisma e forma de estar.
Nascido a 8 de Novembro de 1943, Joaquim Letria não deixou que a Poliomelite que o atacou aos 10 anos lhe atrapalhasse o gosto pela escrita, descobrindo outra forma de segurar na caneta e aos 18 anos estava já numa redacção, começando a trabalhar no Diário de Lisboa. O seu percurso nos anos 90 é fantástico, está presente no nascimento do Expresso, escrevia para a revista Flama, colaborava com o Rádio Clube Português e foi repórter Internacional da Associated Press.
Chamou a atenção da BBC e graças a esta esteve em Londres numa conceituada escola de jornalismo, voltando a Portugal depois da revolução dos cravos e entrando para a RTP, onde ajudou a introduzir e cimentar o espaço para debates. Pelo meio de programas interessantes, fundou ainda publicações que tiveram o seu espaço numa altura importante para o jornalismo em Portugal, o Semanário O Jornal, o Tal e Qual e a revista Sábado.
Na estação pública teve dois programas muito importantes, o Diretíssimo e o Tal e Qual (sim foi daqui que veio o nome do jornal), este último misturando informação e entretenimento de forma brilhante. Foi aqui que se viu pela primeira vez os apanhados, algo a que Joaquim Letria voltaria anos mais tarde na RTP 2 assim como estar sempre ao comando daquilo onde se sente melhor, talk shows como o Conversa Afiada, onde Letria pode mostrar o verdadeiro comunicador que é.
A sua voz calma e serena, o seu olhar sempre melancólico mas ao mesmo tempo acolhedor e a sua forma de abordar os temas sem grandes rodeios e direito ao assunto, fizeram com que se tornasse uma figura querida dos Portugueses. Era conhecido pela sua frontalidade, o que fazia com que várias vezes fosse chamado a atenção, ou até demitido, nos diversos cargos que ocupou.
Mesmo assim era a ele que se recorria em grandes momentos, teve em debates marcantes da nossa sociedade como o Soares-Cunhal, Eanes-Otelo ou Sampaio-Marcelo, foi parte importante das campanhas políticas de Ramalho Eanes, Marcelo Rebelo de Sousa e Salgado Zenha.
É redutor olhar para ele como “apenas” jornalista, já fez demasiado para nos cingirmos apenas a isso, e a sua carreira como professor universitário ajuda a realçar isso mesmo. Nos anos 90 teve um problema no seu programa Cobras e Lagartos da RDP Antena 1, onde algumas declarações consideradas racistas levaram a um problema diplomático entre Portugal e Angola.
Apesar de nunca estar muito afastado do mundo da imprensa nacional, colaborando com jornais, tv ou rádio ocasionalmente mas longe daquilo que merecia, mas recentemente a SIC decidiu lhe dar um espaço num dos seus programas diários, para que assim uma nova geração possa beneficiar de um dos nossos maiores comunicadores.