Fernando Pessa acompanhou diversas gerações e foi uma das figuras mais queridas da RTP. Todos na família gostavam das suas reportagens e achavam piada ao seu “E esta, hein?“, que o ajudou a ser uma das personalidades mais marcantes do nosso audiovisual.
Nascido a 15 de Abril de 1902 em Vera Cruz, Aveiro, Fernando Pessa e começou a sua vida profissional numa companhia de seguros, antes de finalmente entrar na vida jornalística em 1934, quando tentou, com sucesso, entrar para os quadros da Emissora Nacional. Ficou em segundo lugar, sem cunhas como gostava de dizer, sendo o primeiro locutor da emissora. Passados apenas quatro anos, foi para a BBC em Londres, onde se notabilizou como correspondente na Segunda Guerra Mundial.
Fez a sua profissionalização e sofreu com os bombardeamentos Alemães em Londres, encarando sempre a situação com muito humor, ficando célebre uma caricatura que fez de Hitler, demonstrando toda a sua irreverência e bom humor. Por cá, e devido à ditadura de Salazar, as transmissões em Português da BBC eram muito apreciadas por todos, que tentavam ouvir e assim saber mais do que acontecia no mundo.
Casou-se e voltou para Portugal em 1947, mas viu negada a entrada na Emissora Nacional por causa do regime que não queria uma personalidade conhecida pelo seu gosto pela liberdade e irreverência num lugar de destaque. Voltou ao mundo dos seguros, colaborando com algumas revistas e foi cara da primeira emissão da RTP na Feira Popular em 1957, mas só entrou para os quadros da estação pública em 1976, já com 74 anos.
Granjeou popularidade entre os Portugueses, participando de diversos programas e nem o avançar da idade lhe retirava o entusiasmo, aparecendo num programa do Herman José como se estivesse ainda a relatar a guerra para a BBC. Na década de 80 e na de 90, eram comuns as suas reportagens perto do final do Telejornal, muitas vezes sobre alguma situação da câmara de Lisboa, num “postalinho” que ele gostava de enviar, terminando sempre com a sua frase mítica “E esta, hein?” que era como que um piscar de olho para o telespectador.
A minha Avó adorava o ouvir, o meu Pai ria-se e concordava com as suas reportagens, e eu acabava por achar piada ao velhote cheio de genica, que andava ali pelas ruas de Lisboa a corrigir injustiças ou obras mal feitas. Foi condecorado por Ramalho Eanes e também por Mário Soares, recebendo também anda a Ordem do Império Britânico, devido aos seus trabalhos como correspondente de guerra.
Morreu a 29 de Abril de 2002, poucos dias depois de ter completado 100 anos, mantendo-se jovial até ao fim e mesmo depois da sua reforma, nunca esteve completamente afastado.