A RTP continuou a transmitir novelas Brasileiras mesmo sem poder contar com as da rede Globo, e uma das que teve mais sucesso foi a Kananga do Japão, da Rede Manchete.
Kananga do Japão foi uma telenovela da Rede Manchete, exibida entre Julho de 1989 e Março de 1990 e que pudemos ver na RTP no segundo canal aos Domingos, começando em 1995, tendo algum sucesso no nosso país, especialmente na Madeira, isto numa altura que o canal já não emitia novelas da Globo que tinham ido então para a SIC.
Escrita por Wilson Aguiar Filho, teve Christiane Torloni e Raul Gazzola nos principais papéis, numa história que relatava a vida no Brasil nos anos 30, falando da revolução e da intentona comunista por exemplo, abordando assuntos bem adultos e não muito comuns nas novelas de então como a homossexualidade. Uma novela mais adulta que recebeu bastantes prémios e teve boas críticas por parte da imprensa e uma boa aceitação do público.
Aguiar Filho tinha escrito o maior sucesso da Rede Manchete até então, Dona Beija, foi por isso normal que o presidente da estação o fosse contratar de novo quando as restantes novelas não atingiam os números desejados. Adolpho Bloch deu a ideia ao autor de fazer algo relacionado com o cabaré Kananga do Japão, e a trama foi tão intensa que o elenco teve que aprender dança de salão, samba de gafieira e foxtrote, além de capoeira, sinuca, etiqueta e noções de judaísmo. Uma maneira utilizada pela Manchete para conquistar o público foi narrar, dentro da história, partes do governo de Getúlio Vargas e Washington Luís e a prisão de Olga Benário. Conforme comentário do diretor artístico Jayme Monjardim, “se essa novela não der certo, a Manchete desistirá da dramaturgia”
A estação gastou 20 Milhões de Dólares na produção, a novela foi para o horário das 21h30 e alcançou algum sucesso, com uma média de 20 pontos na audiência e sendo altamente elogiada pelos cenários, pelas roupas e pelas cenas cinematográficas que compunham a trama, considerando uma concorrente à altura das telenovelas da Globo.
E a Globo achava o mesmo, especialmente quando o casal principal recebia também excelentes críticas pela sua interpretação, em especial Gazzola, que tinha a aparência de conquistador em conjunto com o jeito malandro que o papel requeria.
Uma história de amores e desencontros, de traições, mortes tudo numa altura muito conturbada do país irmão. Por isso mesmo há uma forte componente política na trama, uma quase aula de história por vezes. No final de cada episódio, eram exibidas imagens documentais sobre a época. A vinheta de abertura foi produzida por Adolpho Rosenthal e dividida em quatro temas: porto, guerra, baile e campo, baseados na obra de Cândido Portinari, O Lavrador de Café.Ela representa as danças e os eventos feitos no cabaré Kananga do Japão, sob o som de “Minha“, executado pela cantora Misty.
Alguém seguiu esta novela?