Voltar ao mundo da BD, para recordar uma personagem que ganhou um tal sucesso que passou a ser protagonista das suas próprias histórias, isto apesar de ter sido pensado como uma personagem secundária. Iznogoud faz parte daquela galeria de vilões que todos amam odiar, e até simpatizar com o facto dele querer ser Califa no lugar do Califa.
Iznogoud apareceu pela primeira vez na revista Record em 1962, criação do grande René Goscinny e Jean Tabary, e aparecendo como uma personagem secundária na tira que contava as aventuras do Califa Haroun el Poussah. Mas rapidamente o potencial deste vilão foi reconhecido por todos e a tira passou a ter então o seu nome, sendo que em 1968 começou a ser publicado na Pilote.
Foi nesse ano que também se estreou em Portugal, na edição nº3 do Pisca-Pisca, passando depois pela revistas Flecha 2000 e Jornal da BD, e sido editado em álbum pela Meribérica e, mais recentemente, pela ASA. Tomei conhecimento pela primeira vez lendo um livro na biblioteca da minha escola preparatória, eram um conjunto de várias mini histórias, todas com um único propósito o de Iznogoud querer destronar o Califa, ou Sultão como alguns chamavam, que era uma pessoa muito preguiçosa e aborrecida, sendo por isso normal que tivéssemos mais simpatia para com este vilão.
Tinha a ajuda do seu fiel empregado Dillah Larath, um pouco burro e ingénuo, que tentava sempre acalmar o seu patrão e tentar fazer ver que muitos dos seus planos eram um pouco malucos. E ele tentava de tudo, desde vudu ou o recorrer a outro tipo de feitiçarias, ou então coisas clássicas como o toque de Midas ou o olhar de Medusa. Na maioria das vezes as coisas corriam mal e acontecia a ele o que ele queria que acontecesse ao califa.
Goscinny usava todo o seu talento para os trocadilhos, que podíamos apreciar tantas vezes em Astérix, com este anti herói, dando a ele um humor mais ácido mas que se coadunava com o ambiente da BD, na magnífica Bagdad. Com a morte do argumentista, o artista Tabary decidiu continuar a produzir aventuras do Iznogoud (assim como Uderzo no Astérix), deixando as pequenas aventuras em tiras e produzindo álbuns com uma só história e um só objectivo.
São mais de 27 álbuns, uma série de animação e até um filme com actores de carne e osso, lançado em 2004 e que teve relativo sucesso, especialmente nos países francófonos. Na série de animação jogava-se ainda mais com o trocadilho do nome dele, já que em inglês soa a “he’s no good”, algo intencional desde a sua criação.
Quem era fã deste pequeno Grão Vizir?