Hoje recordo aquele que foi o primeiro Presidente eleito democraticamente após 25 de Abril de 1974, o general Ramalho Eanes. Um homem que foi uma das maiores figuras do golpe de 25 de Novembro de 1975 e esteve à frente do país durante dois mandatos.
António dos Santos Ramalho Eanes nasceu em Alcains, Castelo Branco a 25 de Janeiro de 1935, entrando para o exército em 1962, tirando vários cursos ao mesmo tempo que iam desde tácticas militares a psicologia. Combateu no Ultramar, percorrendo pelo exército muitas das colónias Portuguesas, estando em Angola aquando da revolução dos cravos, voltando pouco depois ao nosso país.
Em Portugal ficou como director de programas e presidente do conselho de administração da RTP até Março de 1975, e foi nesse ano (enquanto Tenente-Coronel) que dirigiu as operações do golpe de 25 de Novembro, enfrentando a esquerda radical do MFA. Virou General e foi o 10º chefe das Forças Armadas de Portugal de Julho de 1976 a Fevereiro de 1981, Conhecido do público e respeitado por muitos, foi encarada como normal a candidatura à presidência da República nas primeiras eleições livres após o 25 de Abril. Foi então eleito como Presidente em 1976, sendo reeleito em 1980 e tornando-se assim o líder do país durante dois mandatos.
Venceu as primeiras eleições com cerca de 61% dos votos, ficando à frente de Otelo Saraiva de Carvalho com 16% de votos, ficando aquém do que era esperado por algumas pessoas ligadas à revolução. Em 1980 teve uma campanha mais renhida com Soares Carneiro, ganhando com cerca de 56% dos votos contra os 40% do seu adversário. Conhecido como o General que não ri, as suas atitudes sérias e sóbrias acabavam por ser o ideal para o país naquela altura conturbada, depois da revolução dos cravos. Foi um Presidente isento que acabou por promulgar leis que até o iriam comprometer no futuro, tudo tendo sempre em vista o bem do país. Tornou-se também uma das pessoas a quem os outros tentavam imitar a voz, isto por causa do seu timbre característico e até algo fácil de imitar.
Viria a assumir a presidência do Partido Renovador Democrático depois do período como presidente, vindo a demitir-se desse cargo em 1987. Foi o primeiro chefe de estado a enveredar por um trabalho de investigação científica, visando tornar-se doutor. Recusou em 2000 a passagem (merecida) a Marechal, e também não quis receber os retroactivos no valor de um Milhão de Euros a que tinha direito, por uma pensão que lhe foi negada numa lei que o próprio aprovou.
Casado com Manuela Eanes, tem diversos títulos de respeito a nível nacional e internacional, mantendo-se sempre atento ao que se passa no nosso país embora mantendo-se sempre um pouco afastado dos holofotes.