Ontem li um livro que me escapou na infância, Os Sótãos Furados de Maria do Carmo de Almeida, a conselho de uma colega de trabalho que teve a amabilidade de me emprestar o exemplar que ainda possui. Uma história infanto-juvenil com um cheiro de aventura e escrito de forma simples, mas não de uma forma simplificada, não tendo problemas em usar palavras que não seriam do conhecimento de muitos dos seus leitores.
Inserido na colecção Picapau da mítica editora Verbo, Os Sótãos Furados destacava-se por ser uma aventura completa, ao contrário do resto da colecção que apresentava livros com mais que um conto neles. Ler isto num exemplar velho, mas estimado, dá outro ânimo, os livros usados têm um carisma inegável.
A história começava por nos apresentar duas crianças que se divertiam no Sótão do seu prédio, e um belo dia são surpreendidos por um barulho numa das paredes de onde apareceu outra criança que estava no sótão da casa ao lado. E assim começa uma grande aventura, numa sequência intensa de excitação e adrenalina infantil, em que a autora deixa-nos entusiasmados pela descoberta que estas crianças tinham feito, o facto de que podiam unir as casas umas às outras, abrindo uma porta em cada sótão.
Quase todos foram apresentados com paredes velhas, de madeira carunchosa e que facilitaram nesta epopeia juvenil, de descobrir o mistério em cada prédio que furavam e como estes iam fazendo novas amizades e formando uma nova sociedade, com as crianças a dominarem e a imporem-se algumas regras em toda aquela aventura.
Ao ler isto nos dias de hoje, não deixo de notar alguma intenção revolucionária da autora nesta aventura, tudo complementado com ilustrações típicas da altura, bonitas, ingénuas e que cumpriam o seu efeito. As reuniões secretas e o esconder tudo dos pais torna a história interessante e que me faz ter pena de não ter lido com a idade certa.