Carlos Paião foi um cantor/compositor/autor de grande gabarito, um dos maiores nomes do panorama musical Português e alguém que deixou saudades por ter partido demasiado cedo. Com um sentido de humor apurado, um sorriso encantador e uma voz melodiosa, Paião atraía várias gerações, deixando um legado que ainda perdura.
Carlos Manuel Marques Paião nasceu a 1 de Novembro de 1957 em Coimbra, começou a compor canções desde muito cedo, dando nas vistas em 1978 quando venceu um festival do Illiabum Cluhe. Dois anos depois concorreu ao Festival RTP da canção, não conseguindo o apuramento mas voltou no ano seguinte e conseguiu a vitória com o seu êxito Playback, derrotando grandes nomes da música nacional como José Cid ou as Doce.
Lá fora as coisas não correram tão bem, mas Portugal já estava rendido ao seu encanto, especialmente quando ele mostrou que podia fazer mais do que canções divertidas, como provou com o seu single Pó de arroz. Não deixou de lado o seu lado compositor, fosse para artistas consagrados como a Amália Rodrigues, fosse para principiantes como o Herman José. Com este encetou uma parceria imbatível, escrevendo as músicas da personagem Serafim Saudade, e hinos como o Vamos Lá Cambada do Estebes.
Apesar das vendas do seu primeiro disco não terem sido muito boas, marcava presença regular na televisão escrevendo temas para genéricos de programas como o Foguete de António Sala e Luís Arriaga. Teve grandes sucessos como o hino romântico Cinderela ou o divertido Meia Dúzia, para além de um dueto com Cândida Branca Flor que interpretaram no festival da canção de 1983.
Nesse ano licenciou-se em medicina, mas continuando nesta sua paixão que era a música, escrevendo canções para nomes como António Mourão, Nuno da Camara Pereira ou Lenita Gentil. Para além disso continuava a colaborar com actores como Carlos Quintas ou Florbela Queiróz, mostrando que se movia por todo o espectro artístico em Portugal.
Faleceu a 26 de Agosto de 1988, num trágico acidente de automóvel deixando todo o país em choque. O seu espólio era tão extenso que na década de 90 ainda existiam artistas a cantar temas inéditos de sua autoria.