A RTP teve sempre bastantes programas com uma estrutura em tudo semelhante ao teatro da revista, com diversas rábulas animadas e acabando sempre numa grande cantoria. Canto Alegre é um bom exemplo disso, um programa que mostrava o ambiente de uma feira e que alternava isso com outras situações em cenários tão variados como um Saloon ou um Castelo Medieval.
Canto Alegre veio da mente de Francisco Nicholson, que escrevia os textos, dirigia os actores e ainda interpretava com todo o talento que lhe era característico, Nunca fui muito fã destes programas, a fórmula dos mesmos cansava-me muito depressa, mas a qualidade dos actores fazia com que eu visse alguns de começo ao fim.
Eu era fã de Nicholson, achava piada o seu à vontade, a forma como olhava para nós, sorria e piscava o olho, era uma pessoa que me fazia querer ver aquilo que estava a dar naquele momento. No elenco aparecia outro nome que eu apreciava bastante, o actor António Montez e por isso acabava sempre por suportar as partes que menos me agradava (por norma as cantorias), porque depois sabia que acabava por me rir um pouco nas outras rábulas.
Para além disso, apareciam nomes como Marina Mota (que vendia Bifanas), Fernando Mendes, Magda Cardoso, José Raposo, Maria João Abreu e Cristina Carvalhal entre outros. O ambiente central era uma feira, com Nicholson a ser uma espécie de apresentador que comandava as operações, representando um vendedor de livros (entre outras personagens), que tinha o bordão “Quem não se implementa, não se complementa”. Depois tínhamos uma vendedora de roupa interpretada por Magda Cardoso (que dava show também nas partes de bailado do programa), e António Montez tinha uma capachinho ridículo na sua personagem de vendedor de k7’s que entre outras bancas representavam o núcleo central do programa.
Isto tudo era complementado com um namoro proibido entre dois jovens, que na tradição de Romeu e Julieta (e tantas novelas), tentavam com que o seu amor vencesse entre as duas famílias que se odiavam e não podiam uma com a outra. Mas para além da feira, o programa tinha outros cenários, os quais não me agradavam por aí além, a não ser o do jardim. Isto porque aí, tinha António Montez em grande plano, que via um extraterrestre (Marina Mota) que mais ninguém via, e que o colocava em situações embaraçosas com o guarda Lopes (Carlos Vieira de Almeida. Os outros cenários mostravam coisas tão variadas como um Saloon, um Castelo Medieval ou um Harém.
Em todos eles, os actores das feiras apareciam vestindo a pele de outros personagens, apesar de aparecerem também algumas caras novas pelo meio. Carlos Alberto Moniz tratava da parte musical do programa, Magda Cardoso das coreografias e bailado e Eduardo Cruzeiro dos cenários. Foram 13 episódios, transmitidos todas as semanas entre Janeiro e Abril de 1989, sendo repetida por diversas vezes ao longo das décadas seguintes, prova da sua popularidade e qualidade.