Foi uma das caras da RTP nas décadas de 80 e 90, e um dos bigodes mais famosos do país, para além de ser um dos maiores nomes da história da rádio. Eu gostava bastante de Luís Pereira de Sousa, parecia aquele tio castiço e muitas vezes tinha atitudes nos seus programas, que mostrava que não era muito de seguir as regras.
Luís Pereira de Sousa nasceu no Porto, a 1 de Janeiro de 1941, mudando-se ainda criança para Carcavelos, onde fixaram residência e onde começou a mostrar o seu interesse pelo mundo do jornalismo. Ainda não tinha 20 anos e já fazia, produzia e apresentava, um programa de rádio (no Clube Radiofónico de Portugal), que era patrocinado pela mítica Farmácia Cordeiro e dava a conhecer factos, informações e pormenores do concelho de Cascais.
Dono de uma bela voz radiofónica, foi normal vingar nesse mundo, onde começou a dar nas vistas como repórter desportivo no Rádio Clube Português, fazendo também trabalhos para outras estações como a Rádio Renascença. O RCP apostou forte na qualidade da sua voz, dando-lhe trabalhos de locuções para magazines de arte e cultura, com especial destaque para o cinema.
Mas não se deve julgar o seu trabalho na rádio, somente pela sua voz, o seu contributo como repórter é deveras importante e chegou a ser colaborador no estrangeiro para diferentes emissoras, chegando também a colaborar com rádios de Angola, Moçambique e outros países, realizando trabalhos que chegariam à Europoa, África e América do Sul.
Foi para uma estação da África do Sul que fez a reportagem em directo do 25 de Abril de 1974, e foi um dos únicos dois jornalistas que acompanharam Salgueiro Maia na entrada para o Quartel do Carmo. No período pós revolução, foi locutor em programas que analisavam a realidade política, nem sempre de uma forma bem vista por todos, mas que mostravam também a forte personalidade do jornalista.
Esses programas eram apresentados pela Emissora Nacional, então RDP, no Actualidades fazia uma comparação entre o discurso político e a realidade nacional, enquanto que no Domingo Fantástico, onde dava uso à sua imaginação e apresentava as coisas de forma fantasiosa.
Foi nesse programa que teve um revés na sua carreira, quando entrou em conflito com a direcção de programas depois de uma entrevista ao escritor Luís Pacheco, que fez algumas referências humorísticas ao então presidente da República Ramalho Eanes, sendo-lhe então instituído um processo por abuso de liberdade de imprensa. Foi absolvido num processo rocambolesco, onde se apresentou sem advogado, dizendo que não tinha nada do que se defender. Foi absolvido e até elogiado pelo Juiz, considerando a peça exemplar em matéria de imaginação e criatividade.
Mas o ministério público e os directores da rádio levaram o caso a instâncias superiores, pela defesa desorganizada do réu, conseguindo com que fosse condenado a 6 meses de cadeia, passíveis de serem pagos em multa, o que fez. Curiosamente o próprio presidente Ramalho Eanes, fez-lhe chegar a mensagem de que não se tinha sentido ofendido pela peça em questão, e que até lhe tinha achado piada.
No final dos anos 70 começou então a colaborar com a RTP, apresentando o Telejornal e um programa de debate político, o Frente a Frente. Começou a apresentar, ou a colaborar, com diversos programas e pouco tempo depois era já considerado o jornalista português mais popular. Foi natural portanto a transição para programas ligeiros, de entretenimento,
Na década de 90 foi assim que muitos o conheceram, a apresentar programas de verão como os Festa na Feira, Onda de Verão ou Jogos de Verão, e ainda programas no estilo talk show, como Nunca é tarde, Clube da manhã, ou o Estúdio 4. Uma característica desse programa, e outros mais leves como o Coleccionando e o Um Certo Sorriso, era o destaque dado ao simples telespectador, que Pereira de Sousa tratava com todo o carinho e atenção, ajudando assim à sua popularidade.
Continuou também a colaborar na rádio, lembro-me de apresentar um programa da manhã na Rádio Comercial AM, que a minha avó gostava bastante de ouvir. No virar de século, voltou a dedicar-se mais à reportagem e à locução de documentários e programas do género para canais de cabo, dando uso a uma das melhores vozes do nosso país.
Longe da televisão, mas não dos nossos corações, escreveu um livro e teve um grande susto depois de um acidente que o levou de urgência ao hospital. É uma das maiores figuras do nosso mundo audiovisual, e uma das mais importantes também.
Imagens retiradas do Restos de Colecção e Enciclopédia de Cromos
Informação retirada de Wikipedia