A RTP deu-nos grandes novelas portuguesas nos anos 80, fazendo um interregno e voltando em grande na segunda metade dos anos 90. Houve ali uma série de telenovelas de grande valor, e uma das mais interessantes foi, sem sombra de dúvida, a Roseira Brava.
Roseira Brava teve autoria de Tozé Martinho, Sarah Trigoso e Cristina Aguiar, tendo sido transmitida pela RTP entre 8 de Janeiro e 8 de Junho de 1996, em pleno horário nobre. A trama ficou pelos 130 capítulos, numa altura em que não se esticava a história para que se fizessem mais episódios, e a coisa desenrolava-se a um ritmo normal.
A equipa envolvida, tinha alguns nomes que já estávamos habituados, como o do realizador Álvaro Fugulin, que teve como companheiro Jorge Paixão da Costa, os figurinos ficavam por conta de Miguel Sá Fernandes, enquanto que a direcção de actores ficava sobre a supervisão de Armando Cortez, com Paco Bandeira a tratar da parte musical. No elenco a coisa mudava um pouco, apareciam nomes conhecidos de outras produções da NBP, mas também muita cara nova, como António Cerdeira e Patrícia Tavares que fizeram aqui a sua estreia, ou Simone de Oliveira que experimentava assim a carreira de actriz, tendo efectuado um excelente trabalho e começando assim uma ligação que se iria prolongar por muitos mais anos.
Aliás o triângulo amoroso, protagonizado por estas duas actrizes e Virgílio Castelo, deu origem a alguns dos melhores momentos da novela. Virgílio esteve fantástico no papel do malandro Manolo, e a estreante Patrícia Tavares deu um grande show como a ingénua Anabela, que se deixou enganar pelas promessas de Manolo e acabou ter que trabalhar como prostituta num bar clandestino que isto tinha.
Estes momentos de intensidade dramática, eram contrabalançados pelo núcleo cómico da novela (uma coisa que faz tanta falta nas actuais), com nomes como Canto e Castro e Manuel Cavaco, dois ex-militares, José Raposo e Manuela Maria como funcionários do café central ou ainda a fantástica Margarida Carpinteiro, como uma beata fanática. Canto e Castro, Manuela Maria e Carlos Coelho fizeram um triângulo amoroso da terceira idade bastante divertido.
O fio condutor da história era a herdade Roseira Brava, pertencente à família da veterana Mariana Rey Monteiro, os Navarro. Marques D’Arede era o vilão principal da historia, num papel onde mostrou todo o seu talento, especialmente nas cenas com Manuela Santos, que dava vida a Matilde, uma sonhadora que saiu da cidade para viver no Alentejo e principalmente na Roseira Brava. Eles os dois, mais Tozé Martinho, interpretavam o outro triângulo amoroso da história, curiosamente, o menos interessante e com menos intensidade.
Não posso deixar de falar de outros vilões da trama, com especial destaque para a irmã da Matilde, a Helena, interpretada de forma brilhante por Elsa Valentim, que soube dar um cunho especial a uma pessoa que por dinheiro fazia tudo, como destruir a vida do pai e da sua irmã. Luís Zagalo foi competente como sempre, assim como Manuel Castro e Silva, que era o cúmplice de Manolo.
O elenco tinha ainda nomes como Luís Esparteiro, Sofia Sá da Bandeira, Numo Homem de Sá e Rogério Samora, sendo que devo destacar aqui dois actores, Carlos Santos e Márcia Breia. O primeiro deu vida ao pobre coitado Joaquim da Horta, um bêbado usado pelo Manolo para fazer várias patifarias e ela como Inácia, uma mulher atormentada pela vida que levava e os segredos que carregava.
Um excelente elenco, uma boa trama e grandes interpretações, fizeram desta novela uma das mais interessantes da altura, tendo sido repetida por diversas vezes na RTP Memória.
As fotos foram retiradas da página de Facebook dedicada à novela,