O Calcio era o campeonato dos campeonatos na década de 90, despertava paixões por todo o mundo e várias dessas equipas conquistaram um lugar na história do mundo do futebol. Já aqui falei do Milão e da Sampdoria, hoje relembro o Parma, uma das equipas de maior sucesso dessa altura.
O Parma era uma equipa que militava na série B italiana, um clube pequeno e que tentava chegar à série A, tendo para isso sido alvo de uma série de investimentos durante os anos 80, que vieram a dar frutos na virada de década, quando o clube conseguiu finalmente a almejada subida de divisão, sob o comando de Nevio Scala. A Parmalat decidiu então apostar forte no clube, e comprou parte do mesmo, contratando grandes nomes do futebol e fazendo com que esta fosse uma equipa a ter em conta nos anos 90.
O guarda redes brasileiro Taffarel e o médio sueco Thomas Brolin, foram as contratações mais sonantes, continuando a contar com nomes como Apolloni ou Marco Ballota, o guarda redes sóbrio que acabou por tirar o lugar à estrela Tafarrel e contando ainda com a concorrência de Bucci. O 5-3-2 de Scala começou a dar frutos logo na estreia junto dos grandes, ficando num respeitável 6º lugar, conseguindo assim acesso à Taça Uefa.
Apesar de não ter avançado muito na sua estreia nas competições europeias, internamente o Parma voltaria a surpreender, com o alcançar de um 7º lugar no campeonato, e a vitória na Taça de Itália, frente à poderosa Juventus de Conte, Peruzzi ou Roberto Baggio. O colombiano Asprilla e o italiano Zola são as grandes contratações para a temporada seguinte, que veria o clube transalpino a conseguir uma excelente 3ª posição, mas onde viria a brilhar seria na Europa, onde conseguiu vencer a Taça das Taças, levando de vencida o clube belga Antuérpia.
Com Luca Bucci a assumir a titularidade da baliza, a equipa contava ainda com nomes como Zola, Asprilla, Sensini, Minotti, Apolloni, Benarrivo ou Di Chiara. Uma solidez defensiva invejável, aliada a um forte sentido táctico, fazia do Parma uma equipa a temer na Europa dos anos 90. Venceram a Supertaça Europeia do ano seguinte, contra o Milão da altura, e chegou de novo à final da Taça das Taças, caindo perante o Arsenal de George Graham.
A equipa voltaria a reforçar-se, e a renovar-se, com a entrada do defesa português Fernando Couto, e do médio italiano Dino Baggio, que se veio a tornar uma referência do clube nesta segunda metade da década de 90. Internamente, o Scudetto continuava a escapar à equipa de Scala, conseguindo um 5º e um 3º lugar, mas na Europa voltaria a brilhar, chegando à final da Taça Uefa, vencendo a Juventus de Vialli sem apelo nem agravo.
Scala sairia então para o Perugia, sendo substituído por Carlo Ancelloti. Quanto a jogadores, Thuram, Crespo e Chiesa, juntavam-se aos veteranos Canavarro, Baggio, Apolloni ou Sensini, A equipa ficou mais próxima de vencer o campeonato italiano, mas acabou por ficar na segunda posição, enquanto que na Europa as coisas não correram tão bem, e na temporada de 1997/98 nem a estreia do jovem Buffon fez com as coisas corressem bem para os do Parma, e a equipa acabou por desiludir tanto a nível interno como na Europa.

A Parmalat decide apostar forte nas contratações de jogadores, mas decide apostar num até então meio desconhecido Alberto Melasani para comandar a equipa. Na Série A não foram além de um 4º lugar, mas venceram a Taça de Itália e na Europa demonstraram de novo todo o seu talento, vencendo o Marselha na final da Taça Uefa, por uns categóricos 3-0.
O virar do Século acabou por trazer o declínio desta equipa, que nunca mais conseguiu chegar perto do sucesso dos anos 90, apesar de ainda ter vencido uma Taça de Itália em 2001/02. Em 2004 decalaria insolvência e acabaria por se extinguir, retomando anos mais tarde sob um nome diferente, Parma Calcio 1913.
Mas era impossível não ficar fã desta equipa, como apreciador de guarda redes. espantava-me com a constante qualidade e segurança que este clube apresentava. O animado Tafarrel, o sóbrio Ballota, o seguro Bucci e a novidade Buffon, ajudaram muito ao sucesso deste clube papa taças, que contou ainda com defesas fora de série. Apolloni, Benarrivo, Canavarro, Sensini, Thuram e até o nosso Fernando Couto faziam com que fosse uma das equipas italianas mais seguras defensivamente, contando ainda no meio campo com nomes como Dino Baggio ou Boghossian e Diego Fuser. Para o ataque, os nomes de referência foram sem sombra de dúvida Asprilla, Zola, Brolin e Crespo, mas Véron e Chiesa também tiveram uma palavra a dizer nestes anos de glória.
Quem mais gostava de os ver jogar?