Volto ao Calcio, desta feita para relembrar o Nápoles, que nos anos 80 foi uma das equipas mais fortes do campeonato Italiano. Para isso, muito contribuiu a chegada do Diego Maradona, que secundado por jogadores como Carnevale, Alemão e Careca, ajudou o clube a vencer uma Taça Uefa e dois campeonatos italianos.
Na temporada de 1983/84, Corrado Ferlaino pegou de novo no Nápoles (já tinha sido presidente por duas vezes), e depois de uma primeira temporada em que quase desceram de divisão, tudo mudou com a contratação da jovem estrela Diego Armando Maradona. Depois de cair em desgraça em Espanha, com o Barcelona a deixar de acreditar no astro argentino, Maradona chegou a Itália como uma verdadeira estrela. Um mar de gente esperava o jogador no estádio San Paolo, a depositar as suas esperanças naquele que já era considerado um dos melhores do mundo, e com vontade de provar o seu valor, não demorou a que ajudasse o clube a inverter os resultados, e a começar a subir na tabela classificativa.
Dos lugares a roçar a relegação para um 5º lugar, foram assim as duas primeiras temporadas em Nápoles, com o clube orientado por Ottavio Bianchi a começar a ser visto de outra forma, com a ajuda de jogadores como Maradona, Ciro Ferrara e De Napoli. Com o argentino como capitão de equipe, os celestes venceram pela primeira vez o campeonato na sua terceira temporada, com um ataque demolidor, com nomes como Carnevale e Giordano a ajudarem El Pibe.

Essa conquista foi apoiada pelos seus adeptos, com o clube a terminar a temporada invencível em casa e ainda a conseguir a Taça de Itália, colocando o país em delírio, por ver uma equipa do sul a destronar o poderio do norte. Mas foi no ano seguinte que o clube começou a atingir uma outra dimensão, coma chegada do brasileiro Careca para o ataque.
O ataque ganhou o apelido de MAGICA, pegando nas iniciais dos seus atacantes, Maradona, Giordano e Careca (que mesmo quando não jogava era substituído por Carnevale e a alcunha continuava a ser válida). Mesmo assim não conseguiram o bicampeonato, ficando dois pontos atrás do Milão, que combatia o poderio atacante deste plantel, com uma defesa sólida e sóbria. Foi a derrota por 3-2 em casa que deu o título aos Rossoneri, mas que não abalou a fé dos do sul.
O clube foi contratar mais um brasileiro, o médio Alemão, que combinava em beleza com o compatriota Careca, ajudando este a marcar 19 golos na sua primeira temporada juntos. Mesmo assim não foi o suficiente para chegar ao 1º lugar, ficando de novo em segundo, desta feita atrás do Inter. Mas eram os jogos contra o Milão que paravam o país, e mesmo o mundo, com as duas maiores equipas da altura a travarem verdadeiros duelos. Na Europa, o clube conseguiu um feito inédito, vencer a Taça Uefa.
Na caminhada para a final, enfrentaram alguns dos maiores clubes da Europa, como foi o épico confronto com a Juventus nos quartos de final. No duelo Platini-Maradona, foi o argentino a levar a melhor, quando depois de perderem a primeira mão em Turim por 2-0, conseguiram dar a volta num estádio cheio, vencendo a Vecchia Signora por 3-0. Teve ainda uma meia final com o Bayern de Munique, antes de chegar à final (na altura em 2 mãos) onde defrontou o Estugarda.
2-1 em casa e um empate a 3 bolas na Alemanha foi o suficiente, e deu o alento necessário para que o clube voltasse ao seu país e se sagrasse de novo campeão. Maradona voltou a ser de novo o melhor marcador do clube, secundado pro Careca e Carnevale, e os celestes terminaram assim à frente dos rivais do Milão, desta feita foram eles que ficaram em primeiro com uma vantagem de dois pontos apenas. Uma época de estreia em grande para o novo treinador, Alberto Bigon.
Foi o fim de um plantel de qualidade, que era coeso e unido, com nomes como Ciro Ferrara e Cenica a darem consistência na defesa, De Napoli, Alemão e Crippa tratavam do meio campo e no ataque sobejava atacantes com faro de golo, Careca, Carnevale, Maradona, Giordano e um jovem chamado Zola. O começo da década de 90 trouxe a desgraça para Maradona, que após falhar um teste anti dopping, viu-se envolvido com as autoridades por alegadas ligações à Máfia napolitana.

Carnevale deixou o clube nessa ocasião também, e a equipa teve assim a sua pior classificação em anos, terminando num decepcionante 8º lugar. No ano seguinte a coisa melhorou e chegaram a um quarto lugar, mas essa década foi marcada pelo poderoso Milão, e outras equipas começaram a aparecer, ficando um Nápoles longe dos seus tempos de glória.
Lembro-me de vibrar com esta equipa, de os ver a jogar contra o Sporting e de como o clube português deu luta a um dos maiores de Itália. Foi mesmo uma época dourada para todos os que gostam deste desporto.