Volto a um memórias dos outros, desta feita com um texto da criadora do blog e página Mãe imperfeita. Vai-nos levar numa viagem emocional, onde iremos recordar como as nossas mães nos tratavam.
Carmen Garcia passou, como muitos de nós, por uma infância onde teve a mãe a esfregar-lhe vicks no peito, ou a dizer coisas como “o que arde, cura”. Eu reconheço maior parte das coisas no texto dela, e ainda me lembraria de mais algumas, como o chamar pelo primeiro e segundo nome, quando já estava chateada. Vamos então ao texto:
Ser mãe nos anos oitenta era andar de carro com os filhos bebés no colo e colocar-lhes uma figa escondida no berço para afastar as invejas. Era enrolar-lhes uma ligadura à volta da barriga para o umbigo ficar bonito e não cair antes de tempo e dar-lhes uma colherzinha de água das pedras quando ficavam amarelos.
Ser mãe nos anos oitenta era deixar os filhos brincarem na rua, e desinfectar as feridas que faziam nos joelhos e cotovelos com água oxigenada e mercurocromo. Era dizer que “o que arde é que cura” quando os filhos se começavam a queixar mas, ao mesmo tempo, soprar para a ferida para aliviar o ardor. Era ameaçar os filhos com o chinelo e a colher de pau e muitas vezes, quando a ameaça era concretizada, ouvir um teimoso “não doeu nada”.
Ser mãe nos anos oitenta era fazer xarope caseiro com cenoura e açúcar, e esfregar vicks no peito e nas costas para aliviar a tosse. Era meter os filhos entupidos de toalha na cabeça a respirar o vapor saído directamente de um tacho de água a ferver e saber que o xarope melhoral não fazia bem nem mal.
Ser mãe nos anos oitenta era ensinar os filhos a irem sozinhos a pé para a escola e mandá-los “fazer mandados”. Era ceder de vez em quando e trocar a pescada cozida por uma lata de atum.
Ser mãe nos anos oitenta era mandar as crianças para a cama depois do Vitinho mas vê-los primeiro lavar os dentes e tomar o comprimido de fluor. Era aquecer um bocadinho de azeite para lhes esfregar a barriga quando doía e saber fazer papas de farinha torrada e açordas fervidas.
Ser mãe nos anos oitenta era amar os filhos acima de todas as coisas e fazer, a cada dia, o melhor com o que se tinha. Tal como hoje.
O amor de mãe é daquelas coisas que nunca mudam.
Não se esqueçam de visitar a página da Carmen, Mãe Imperfeita.