Foi um dos meus jogadores preferidos do Sporting, um daqueles que identifico logo ao clube, um dos seus eternos capitães.
Jorge Paulo Cadete Santos Reis, nasceu a 27 de Agosto de 1968, em Moçambique, onde passou a infância a jogar descalço na rua com as outras crianças. Veio para Portugal aos 8 anos, indo viver para Santarém onde começou a jogar no Académico de Santarém, onde marcou uns impressionantes 43 golos em 18 jogos. Chamou a atenção do Sporting Clube de Portugal, para onde foi jogar em 1984, nos juvenis de Aurélio Pereira. Como tantos outros da altura, viveu no centro de estágios do antigo estádio José de Alvalade, onde aprendeu a viver e respirar Sporting.
A 1986 é lançado na equipa principal por Keith Burkinshaw, num jogo contra o Rio Ave, substituindo Marlon. Estreia-se a titular como extremo esquerdo, fazendo mais uns jogos até ser emprestado ao Vitória de Setúbal de Manuel Fernandes, onde formou dupla com Jordão e ajudou aos sadinos a chegar ao 5º lugar.
Voltou aos leões no ano seguinte, sendo uma aposta de Manuel José, que o colocou a jogar regularmente ao lado do seu ídolo, Fernando Gomes, que o ajudou a crescer como jogador. A década de 90 começou bem para Cadete, estreando-se pela selecção de Carlos Queiroz, enquanto que de leão ao peito faz um brilharete nas competições europeias. marcando 6 golos na Taça Uefa, ajudando a chegar aos quartos de final.
Por cá ajuda Gomes a chegar aos 29 golos, e começa a afirmar-se no 11, ajudando a isso as exibições na Europa, como contra o Timisoara, onde marca 3 golos na goleada por 7-0. Com a saída de Gomes, em 91/92, tornou-se a referência principal no ataque leonino, marcando 26 golos em 38 jogos e tornando-se o capitão da equipa. A prova da sua importância no Sporting, prova-se com o facto de que entrou no grupo restrito de jogadores a fazer 91 jogos consecutivos de leão ao peito.
Na época seguinte é o melhor marcador do campeonato, com 17 golos, e em 1993/94 faz a sua última época decente pelos leões, marcando 15 golos em 36 jogos, antes de começar a ser preterido por Queiroz, tornando-se o 6 jogador leonino a ser transferido para o estrangeiro, sendo emprestado ao Brescia.
As coisa não correm bem e volta para Alvalade, onde continua a ser ignorado pelo treinador, chegando ao ponto de não ser titular, mesmo quando era o único avançado disponível. Isso fez com que pedisse para sair, rescindindo e foi para o Celtic Glasgow, um pouco antes do Euro 96. Fez apenas 6 jogos, marcando 5 golos e conseguindo assim ser convocado para o Europeu em Inglaterra.
Marcou 2 golos por Portugal, e na Escócia fez uma época fantástica, com 25 golos em 31 jogos, tornando-se um ídolo dos adeptos, com direito a canção e tudo. Foi o primeiro jogador português a tornar-se melhor marcador num campeonato estrangeiro, é acarinhado por todos, mas mesmo assim decide sair para Espanha, tentar a sorte no Celta Vigo.
Num má decisão, já que as coisas não correm bem e decidem vendê-lo ainda nessa temporada, com o jogador a optar pelo regresso a Portugal. É contratado pelo Benfica em 1999, mas odiado pelos adeptos leoninos, e recebido com desconfiança pelos da Luz, acaba por ser emprestado a clubes como o Bradford e o Estrela da Amadora, saindo em 2004, fazendo apenas 19 jogos de águia ao peito, marcando 3 golos.
Ainda faz uns jogos nas divisões inferiores de Portugal e Escócia, acabando a carreira em 2007. Tem alguns negócios particulares falhados, fez uma academia de futebol, e participou no Big Brother famosos. Só recentemente voltou a ser falado no futebol, entrando para uma das listas dos candidatos à presidência do Sporting.
Gostava da sua elegância dentro de campo, o seu cabelo, como uma juba, era uma marca registada, e vibrava com os seus golos de cabeça. Tive pena de não ter sido campeão quando formou dupla com Juskowiak, e de não ter um lugar na estrutura do Sporting.
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Lea o livro do Aurelio Pereira, Ver Para Creer. Ele fala sobre o Cadete.