As lojas Por-fi-ri-os eram muito populares, conhecidas pelas suas roupas coloridas e arrojadas, isto num Portugal ainda muito cinzento.
A marca nasceu no Porto nos anos 50, em Santa Catarina, fundada por Porfírio Augusto de Araújo, e a loja era conhecida como Porfirio das meias, por ser esse o produto mais vendido por lá. Existiam anúncios nos eléctricos, e chegou até a ser mencionado num filme português, o “A costureirinha da Sé“, onde segundo o apresentador de um concurso, um dos prémios era gentilmente oferecido pelos Porfirios das meias.
A loja do Porto apresentava logo à entrada um espaço com meias, cintos e outro vestuário, e mais para dentro podíamos encontrar um corredor decorado com luz negra (como nas boites), onde se situava de um lado a roupa masculina, do outro a feminina.

A 5 de Dezembro de 1965, é inaugurada uma loja Por-fi-rios em Lisboa, na rua da Victória, pelos irmãos António e Luís Porfírio. conhecida como Por-fi-ri-os Contraste. Com a particularidade das empregadas se apresentarem de mini-saia, começou a ser alvo de romarias, principalmente pelos mais novos.
Na versão lisboeta mantinha-se a decoração com salas escuras, mas fazia-se um contraste com luzes psicadélicas, para acompanhar a música sempre bem alta, imitando as lojas de Londres.
A roupa colorida, inovadora, era uma pedrada no charco de um Portugal ainda muito cinzento. Como os dois irmãos visitavam as principais feiras de confecções na Alemanha, França e Reino Unido, apresentavam na sua loja roupas inovadoras, com os modelos mais modernos e irreverentes a virem de Londres.
O sucesso junto do público jovem era normal, lá podia-se encontrar calças boca de sino, mini-saias, collants coloridos, blusões e camisas estampadas e muitos anéis, colares, cintos, lenços para todos os gostos.

foto da página a primorosa colecção |
Nos jornais e revistas enaltecia-se essa juventude e irreverência, comentava-se como a loja era um sucesso, sempre cheia, e trouxe a cor e jovialidade a um povo ainda muito sereno, mas cheio de vontade de se libertar e se divertir.
Deixavam assim de se vestir com roupa datada, tipo fardas, para se parecerem mais com os jovens do resto da Europa. O problema eram os mais velhos, com muitos pais a acharem as filhas parecidas com prostitutas, e os filhos uns hippies calões. Era também conhecida por ser uma loja com preços mais em conta, ao alcance de todos, e isso foi parte integrante para o seu sucesso.
Só foi perdendo gás no final do Século XX, fechando a de Lisboa e do Porto no começo do Século XXI. Alguém aí comprou roupa lá?
Últimas fotos e alguma informação retirada do blog Restos da colecção.
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