Os anos 90 foram muito bons para os fãs de futebol, e hoje volto a esses tempos para recordar a equipa do Arsenal. Um clube que manteve os 5 jogadores da sua defesa durante uma década, e que contou com nomes como Dennis Bergkamp, David Platt, Ian Wright, Schwartz e Patrick Vieira.-
O Arsenal começou a escrever algumas das melhores páginas da sua história, mesmo no final dos anos 80, e isso continuou a acontecer no começo da década de 90. Em 1990/91, o treinador George Graham tentava ser campeão de novo, como tinha sido em 88/89, e reforça o clube com o guarda redes David Seaman, um nome que se viria a tornar um símbolo do clube.
Foram bem sucedidos, acabando por ser campeão com apenas uma derrota em 38 jogos, muito por culpa de uma defesa sólida, que sofreu apenas 18 golos. Nela constavam nomes como Nigel Winterburn, Lee Dixon, Seaman e Steven Bould, que fizeram os 38 jogos, e ainda Tony Adams, que veio a falhar apenas 8 jogos.
Na temporada seguinte manteve-se o mesmo esquema, com uma contratação de peso, o atacante Ian Wright, que juntamente com Seaman, tornou-se um dos maiores nomes do clube de Londres. Nesse ano as coisas não correram tão bem, acabando a época num 4º lugar, não conseguindo também ir muito longe nas taças internas, e na Europa, foi eliminado pelo Benfica logo no começo da prova.

Já a época de 1992/93 foi um pouco estranha, terminaram o campeonato num 10º lugar, mas conseguiram conquistar a Taça de Inglaterra e da Liga, o que fez com que Graham fizesse algumas mudanças para o ano seguinte, contratando o médio sueco Stefan Schwartz, bem conhecido dos portugueses.
A nível interno ficaram pelo 4º lugar no campeonato, e foram eliminados precocemente das taças internas, mas a nível europeu a coisa foi diferente, com os gunners a conquistarem a Taça das Taças, com uma vitória sobre o Parma, que tinham conquistado o troféu no ano anterior.
1994/95 foi para esquecer, apesar de manter basicamente a mesma equipa, e a mesma defesa, o clube ficou pelo 12º lugar, e foi finalista vencido na Taça das Taças, não conseguindo ir muito longe nas outras competições internas. Isso fez com que Graham saísse do clube em Fevereiro, sendo substituído por Stewart Houston.
Bruce Rioch foi o substituto, mantendo os veteranos na defesa, que não davam sinais da sua idade, e contratando dois médios de grande qualidade, David Plat e Dennis Bergkamp. Mesmo assim o clube não esteve envolvido na luta pelo título, ficando pelo 5º lugar na competição.
Rioch durou um ano no clube, saindo em Setembro de 1996, entrando o francês Arséne Wenger, que se tornou o primeiro treinador estrangeiro do clube. Patrick Vieira e Anelka foram as contratações mais sonantes, com o clube a manter a mesma defesa (desde 1990) e nomes como Platt, Bergkamp e Wright. Rioch saiu devido a desacordos com a direcção, e Houston voltou a assumir interinamente, mas quando lhe disseram que não seria oficializado, decide também abandonar Highbury Park.
O terceiro lugar dessa época foi um prenúncio do que ainda viria, com o clube a voltar a sentir o gosto do primeiro lugar em 1997/98, numa temporada cheia de caras novas, com as contratações de Overmars, Luís Boa Morte e Emmanuel Petit para o meio campo, e mais alguns nomes para reforçar outros sectores do clube. A defesa continuava a mesma, um feito notável e fantástico, com esses jogadores a voltarem a ser campeões sete anos depois.
Não há dúvidas que isso tenha sido um dos principais factores nessa reconquista, assim como as grandes exibições de Bergkamp, que foi considerado o melhor jogador do campeonato. O clube venceu também a Taça de Inglaterra, enquanto que na da Liga, ficou pelas meias finais, tendo sido eliminado precocemente na Taça Uefa.
O final da década corria bem aos arsenalistas, com o clube a revitalizar o plantel, contratando vários jogadores estrangeiros, como os argentinos Caballero, para o meio campo e Nelson Vidas para a defesa, ou o nigeriano Kanu para o ataque, que via a referência Ian Wright abandonar o clube depois de tantos golos marcados pelos gunners.
Os fabulosos quatro mantinham-se na defesa, assim como o bigode de Seaman era presença assídua entre os postes de Highbury Park, num caso de longevidade poucas vezes visto no futebol. Isto apesar de Wenger promover uma maior rotatividade, criando maior frescura e competitividade no plantel.
Ficaram em segundo no campeonato, ficando pelas meias finais da Taça Uefa, e a mostrarem um futebol atraente, puxando os adeptos ao estádio. No final da década, vimos a primeira baixa na defesa de Higbury, com Bould a sair para o Sunderland, e no ataque viu-se entrar jogadores como Davor Suker e Thierry Henry, um nome que iria deixar a sua marca em Inglaterra.
Voltaram a ficar em segundo no campeonato, e na Europa, chegaram à final da Taça Uefa, perdendo com o Galatasaray nas grandes penalidades. Foi uma década com altos e baixos, mas com o clube a ganhar adeptos um pouco por todo o mundo, como por cá. Confesso que era um dos meus favoritos, a assistir aos resumos no segundo canal ao Sábado de tarde.
