Nelson Piquet foi um dos meus pilotos preferidos na Fórmula 1, com o seu estilo quase Kamikaze que fazia dele um dos maiores protagonistas durante uma corrida. Tricampeão, chegou ao pódio por 60 vezes, conseguindo 23 vitórias e ficou para a história como um dos melhores de sempre.
Filho de um diplomata Brasileiro, Nelson Piquet Souto Maior nasceu a 17 de Agosto de 1952, chegou a jogar Ténis profissionalmente durante um breve período de tempo, até que decidiu abandonar este desporto, por não o achar suficientemente emocionante. Foi então para o Karting, à revelia do pai e chegando a correr disfarçado para que este não descobrisse o que fazia. Mas nos seus primórdios na Fórmula 1 chegou a usar um capacete estilizado que fazia lembrar uma bola de ténis, relembrando assim o seu começo na vida desportiva.
Foi campeão na Fórmula 3 batendo o recorde de vitórias de Jackie Stewart, e conseguindo assim um lugar numa pequena escuderia da Fórmula 1, a BS. Piquet mostrou logo o seu talento ao volante do Mclaren desta equipa Inglesa, conseguindo um nono lugar e fazendo boas corridas mostrando a sua velocidade sendo por isso contratado pela Brabham em 1979, para que fosse o seu segundo piloto tendo como companheiro de equipa o mítico Nikki Lauda.
Após um primeiro ano marcado por muitos abandonos, em 1980 começou a conquistar as suas primeiras vitórias e acabou como vice campeão, um aquecimento para o ano seguinte onde viria a conquistar o título com uma diferença de 1 ponto sobre o piloto Argentino Carlos Reutemann. O ano de 1982 foi um ano problemático para toda a F1 e por isso só em 1983 que Piquet voltou a vencer o campeonato, levando assim pela primeira vez um carro com motor turbo à vitória.

Os anos seguintes foram cheios de altos e baixos, e o piloto decide então que era hora de mudar de equipa e ingressou na Williams, tendo sido este o período que acompanhei com mais interesse este desporto motorizado.
Em 1986 a Williams tinha motores turbo da Honda e tinha outro piloto talentoso na sua equipa, o britânico Nigel Mansell. O carro era bastante competitivo, mas perderam o campeonato para o Francês Alain Prost e isso deveu-se em parte a uma pequena rivalidade que existia entre os 2 pilotos da escuderia britânica.
Piquet usava da típica malandragem Brasileira, num grande prémio Nigel Mansell encontrava-se com o carro instável chegando a sair da pista, prejudicando o rendimento dos seus pneus. O piloto avisou pelo rádio para colocarem pneus novos nos boxes e a equipe rapidamente se preparou para o receber, mas quem apareceu no pit foi o Williams número 6 do piloto brasileiro. O brasileiro, de forma brilhante, havia antecipado sua parada para trocá-los.
Dentro do pit, pelo rádio, Patrick Head comunica ao piloto inglês para não entrar, forçando-o a completar mais uma volta com os pneus bem gastos, já que a equipe estava comprometida com a execução do carro do seu companheiro de equipe.
Em 1987, ano onde voltou a ser campeão, Piquet voltou a usar desta malandragem, dizia-se que ele configurava o carro de uma certa maneira para que os técnicos de Mansell copiassem essa configuração, mas depois mudava-a toda em cima da hora para algo mais adequado ao carro. Curiosamente foi um ano em que venceu poucas corridas, ganhando pontos estratégicos e usando de algumas manobras mais “sujas” para levar a melhor sobre o seu companheiro, que era mais rápido do que ele. Isto levou a que a amizade entre ambos sofresse um revés e nunca mais fosse a mesma.
Mesmo assim na primeira edição do Grande Prêmio da Hungria, Piquet realizou sobre Ayrton Senna, a ultrapassagem que muitos consideram como a mais bela de todos os tempos na Fórmula 1 – no fim da recta dos boxes, pelo lado de fora de uma curva de 180 graus, escorregando nas quatro rodas. O tricampeão Jackie Stewart, comentando a cena, disse que era “como fazer um looping com um Boeing 747”.
Em 1988, o piloto Brasileiro assina um contrato milionário com a Lotus, que era equipada esse ano pelos motores Honda e que lhe prometeu a posição de piloto número 1 da equipa, algo que o mesmo reclamava da Williams e que esta nunca cumpriu. Mas a instabilidade deste carro nunca deixou o piloto satisfeito, e passados 2 anos este volta a mudar de equipa e ingressa na Benetton, que mesmo sem uns motores tão rápidos como os da Honda, tinha um chassis bastante viável e competitivo.
Na sua primeira temporada Piquet voltou às vitórias nos grandes prémios e acabou o ano no 3º lugar, à frente de um piloto da Mclaren e de outro da Ferrari que tinham carros bastante mais competitivos. Até a sua reforma em 1992, Piquet foi vencendo corridas e animando o paddock com a sua rivalidade com Nigel Mansell, a quem o piloto Brasileiro chamava de “idiota veloz”.
Piquet ignorava pedidos de ultrapassagem, levando a um despiste do piloto Inglês, numa corrida em que Mansell fica com o seu carro parado na pista. O piloto Brasileiro passa por ele sorrindo e acenando, confessando no final da corrida que teve um orgasmo em ver ele ali parado. Eu gostava deste temperamento e comportamento de Piquet, mas sei que foi isso também o que o impediu de ir para a Ferrari, já que o seu ego e arrogância o impediam de chegar a acordo com a escuderia Italiana.
Mesmo assim continua a ser um dos meus preferidos, podia não vencer sempre as suas corridas mas deixava a sua marca na grande maioria delas e foi um piloto que marcou o desporto desta categoria.
