Uma daquelas séries de culto, completamente ignorada por uns, venerada por outros, Twin Peaks foi uma das séries que mais marcou a geração da década de 90. Uma boa dose de humor negro e um argumento cheio de surrealismo, duas das principais razões que fazem com que ainda hoje o programa seja recordado das mais diversas formas.
Twin Peaks foi criada por Mark Frost e David Lynch em 1990, foi transmitida pela ABC entre 8 de Abril de 1990 e 10 de Junho de 1991, enquanto que por cá passou em horário nobre na RTP, todas as Quintas-feiras à noite, enquanto que no Brasil foi a Rede Globo que transmitiu a série, todos os Domingos após o Fantástico. Um dia péssimo para os estudantes, o que fez com que ela não tivesse sucesso e só atingisse o estatuto de culto quando começou a sair por lá em VHS.
O nome da série vem da pequena cidade onde decorre toda a acção, é lá que podemos acompanhar a investigação do agente do FBI Dale Cooper, que tenta descobrir quem está por trás do assassinato da adolescente Laura Palmer. A coisa vai-se desenrolando lentamente, acompanhamos todos os pormenores e vemos como afinal a vida naquela pequena cidade tinha aspectos macabros que passavam despercebidos quando olhávamos para aqueles habitantes que pareciam levar uma vida pacata e normal.
Laura Palmer (Sheryl Lee) era a típica menina que todos gostavam, a rainha do baile, a mais popular e aquela que parecia levar uma vida sóbria e sem problemas. Logo aí começámos a perceber como era possível haver vidas duplas, afinal Laura era uma drogada e uma prostituta, uma rapariga que namorava com um mas ia para a cama com outros, até que acaba brutalmente assassinada e começa a aparecer nos sonhos do agente do FBI Dale Cooper (Kyle Machlachlan), que vai então para a cidade para descobrir quem é o seu assassino.
Dale apaixona-se pela cidade, o seu senso de humor sente-se à vontade aqui no meio dos seus habitantes. Podemos ver o sofrimento do pai de Laura que tem um esgotamento nervoso após a morte da filha, e como muitos dos moradores acabam por ser suspeitos da morte dela por terem tido relações de cariz sexual ou envolvidos no seu vício de cocaína.
O mais surreal vinha dos sonhos de Dale, desde a própria vítima que lhe aparecia nos sonhos para lhe dar pistas do seu assassino, a anões e gigantes que também contribuíam da sua forma para a investigação que decorria. Essa aposta no surrealismo faz com que ainda hoje existam séries que se lembrem e brinquem com esse aspecto do programa, até em episódios dos Simpsons isso é parodiado.
Já repetiu várias vezes em canais do cabo, confesso que não ligava muito à série quando esta passou pela primeira vez no nosso País, só mais tarde percebi melhor toda a loucura saudável de Lynch e o cunho que este deu a Twin Peaks.