Na década de 80, o horário nobre era preenchido por uma Telenovela Brasileira que juntava a família toda, do mais miúdo ao mais graúdo pelas 20h em frente à sua TV a preto e branco (uma da Fábrica de Oeiras no meu caso). Lembro-me que existiam episódios que eram discutidos no recreio da escola, como se fosse um episódio do nosso desenho animado preferido e Sassaricando foi uma dessas Novelas.
A novela tinha um forte conteúdo cómico e o excelente elenco prendia-nos ao ecrã e fazia-nos repetir chavões como “A cobra está fumando” ou “óia os meus melões”. O grande Paulo Autran, no seu último papel regular, interpretava o papel de um velhote simpático (Aparício Varella) completamente dominado pela sua esposa Teodora Abdalla (Jandira Martini) e uma das herdeiras de uma fortuna considerável. Foi por essa fortuna que Aparício deixou o amor da sua vida, Rebeca (Tônia Carrero) e se casou com Teodora sendo que após a morte desta viria a reencontrar o seu grande amor.
A filha de Aparício protagonizava alguns dos melhores momentos de humor da novela, Fedora (Cristina Pereira) era extremamente arrogante e gostava de se armar em superior em especial para Leonardo Raposo (Diogo Vilela), ao qual chamava de Estropicío e que vivia uma relação amorosa cheia de altos e baixos.
Mas o maior atractivo da novela era uma família de parcas posses e marcada pelo abandono do pai, que foi comprar cigarros e nunca mais voltou, que se metiam constantemente em discussões e em confusões amorosas com as filhas do casal. Ricardo de Pádua (Carlos Zara) desapareceu deixando Aldonza Gutierrez de Pádua (Lolita Rodrigues) com quatro filhos por criar: Jorge “Guel” Miguel (Edson Celulari), Constancia “Tancinha” (Cláudia Raia), Isabel “Bel” (Angelina Muniz) e Juana (Denise Milfont).
Tancinha estava sempre em conflito com o seu namorado, Apolo (Alexandre Frota) o que só piorou quando se apaixona pelo “tampinha” Beto (Marcos Frota) e cria com isso alguns dos momentos mais engraçados que já vi numa novela, com a ingénua e pouco instruída Tancinha deslumbrada com o mundo mais sofisticado de Beto. O resto da família não lhe ficava atrás, e as peripécias do trabalho deles numa feira davam muito que falar entre os telespectadores.
Mas foi o irmão que acabou por ganhar um destaque inesperado já que ajudou a desvendar o mistério de uma Seita, conhecida por deixar as pessoas à mercê de uma “cobra” com o conhecido cântico “a cobra, a cobra, a cobra está fumando”. Para além do humor e deste mistério da seita, o fio condutor da novela mostrava um Aparício viúvo a tentar conquistar 3 solteironas fazendo-se passar por um Faxineiro, para reconquistar o seu amor da juventude que agora quer apenas um marido rico, e por um Lorde Inglês de modo a seduzir as amigas dela, Penélope (Eva Wilma) e Leonora (Irene Revanche).
Foi uma novela bastante divertida, cheia de chavões e personagens carismáticas numa altura que uma novela das 19h funcionava por cá em horário nobre sem muito problema.
3 Comments
LOL
Eu lembro-me que essa novela era engraçada, mas já não me lembro dos pormenores… lembro-me da Tancinha e irmãos apenas isso!
(Porque é que será que me lembro da Tancinha…?)
😀
Abraço
Meu deus, estou me sentindo muito velho. Lembro dessa como se fosse hoje! 8D
ahahh pois é, eu consigo me lembrar dos episódios e das cenas 🙂 há coisas que ficam vivas na memória.
Lol Nuno, eu a Tancinha nunca achei piada, gostava + da Bel 😛