Palavras Cruzadas foi uma novela Portuguesa, transmitida no começo de 1987 e que mostrava a vida da alta sociedade de Lisboa, com especial destaque para o centro comercial das Amoreiras que era quase como uma personagem da novela.
As telenovelas Portuguesas começavam a ganhar adeptos na década de 80, algumas delas tinham qualidade acima da média e disputavam a popularidade com as novelas vindas do Brasil. Depois de novelas mais rurais ou piscatórias, a RTP apostou numa que se centrasse mais no ambiente citadino e mostrava as aventuras de três famílias de diferentes estratos sociais e que acabavam por se cruzarem quer a nível profissional, quer por via dos dramas amorosos e financeiros que acabavam por acontecer ao longo da trama.
A série foi transmitida pela RTP em pleno horário nobre, pelas 20h30, entre 12 de Janeiro de 1987 e 29 de Junho desse mesmo ano com um total de 120 episódios produzidos. A tragédia que assolava uma das protagonistas da trama, Maria João Lucas, e que levou à sua morte foi um dos principais atractivos da novela, mais ainda que o drama inicial que foi o facto de ela ter acabado o namoro com um irmão, Francisco (Álvaro Faria), para ir viver junto com o outro irmão. João (Tozé Martinho), que provocou um grande desgaste na família Salgado.
Esta família da Alta Burguesia, encabeçada pelo Doutor Luís Salgado (Jacinto Ramos), aparecia sempre em grande destaque na novela já que as maiores tramas se iniciavam sempre com um dos membros da família. A mãe Helena Rebelo (Rosa Lobato Faria) envolveu-se desde cedo num esquema de venda de jóias que trouxe bastantes dissabores ao longo da novela, enquanto que a filha Isabel (Manuela Marle) tinha sempre alguns problemas devido à sua profissão de Jornalista.
Já o outro filho da família, o Rui (Gonçalo Ferreira), jogava futebol no Belenenses e junto com a Mina (Célia David) formaram um dos piores casais de sempre na história do audiovisual, quer pela falta de química entre eles quer pela fraca capacidade de actuação destes 2 jovens “actores”. A Mina pertencia à família Ramos, constituída por pequenos comerciantes e um baixo extracto social a que ela tentava fugir e assim ignorar o seu pai Óscar (Carlos César) e a sua tia Rosa (Natalina José) que a criaram após o abandono da sua mãe Lurdes (Manuela Maria). E esta mãe fazia a ligação com a outra família da novela, a família Esteves, de classe média-alta com uns planos para destruir a companhia do Filipe Rebelo (Armando Cortez) que era irmão de Helena e que tinha que enfrentar as constantes sabotagens de alguém que pensava ser da sua confiança, o Simão (Morais e Castro) e contar apenas com a ajuda da sua filha Marta (Rita Ribeiro).
A trama de que afinal a personagem de Tozé Martinho era afinal filho do Avô e por isso irmão do seu pai e tio dos seus irmãos, foi algo bem inovador e nada comum nas tramas quer de então quer de agora e algo que contribuiu para o sucesso da novela juntamente com a sua banda sonora que tinha músicas de sucesso de artistas como Rão Kyao, Dina ou Jorge Palma entre outros.
Passando por cima de algumas más interpretações, a novela é bem interessante e personagens como a criada Julieta, interpretada de forma fantástica por Luísa Barbosa, davam um necessário alívio cómico a uma trama quase sempre muito pesada e dramática. A RTP Memória teve a repetir esta novela recentemente e pude por isso comprovar o que aqui disse, quando voltarem a repetir não aconselharei vivamente a reverem. mas também não direi para mudarem logo de canal.
2 Comments
Rodrigo Guedes de Carvalho teve um pequeno papel nesta telenovela como um dos membros da rede de tráfico de jóias.
O tema de abertura era cantado por Elisabete Sala e o do genérico final (que tinha a mesma letra) por Isabel Capelo.
A banda sonora disto era boa, pena que segundo percebi o LP da altura não tinha muitas dessas músicas lol