Foi a minha Avó que me criou, e na casa dela se havia algo sagrado era o hábito de ouvir no rádio dela os Parodiantes de Lisboa e o seu programa de humor. Acabamos por nos habituar e a volta e meia soltar uma gargalhada com aquele grupo de humoristas com os seus textos simples, directos e com muitos efeitos sonoros à mistura, que garantiam um bom momento ali no sofá da sala da minha Avó.
A formação dos Parodiantes de Lisboa surgiu a 18 de Março de 1947, com a equipa que fazia o Semanário humorístico A Bomba, a querer continuar a fazerem humor após o fecho deste semanário. Ruy Andrade, Ferro Rodrigues, Santos Fernando, Mário de Meneses, Mário Ceia, Manuel Puga, José Andrade entre outros começaram assim a colaborar por carolice e a fazer um programa de rádio que animou os Portugueses e ajudava até a fazer alguma crítica ao regime. Segundo Mário de Meneses, o nome era uma homenagem à companhia teatral “Comediantes de Lisboa” do Ribeirinho e António Lopes Ribeiro.
Começaram na Rádio Peninsular (situada na rua Voz do Operário) com o programa Parada da Paródia, que ia para o ar em pleno horário “nobre” pelas 20 horas, fazendo com que as pessoas jantassem ao redor dos seus aparelhos de rádio e a rirem com as tropelias deste grupo. Muitos outros humoristas foram-se juntando ao grupo, que lançou no mesmo ano o programa que vim a conhecer na década de 80, o “Graça com todos” que esteve no ar durante 50 anos e foi um dos maiores sucessos do Rádio Clube Português e Rádio Comercial.
Dentro do programa havia vários sketchs, com o fantástico “Rádio crime” (sempre apresentado de forma fenomenal e com o patrocínio Chaves do Areeiro) onde estrelavam o Patilhas e Ventoinha. Eram sempre uns casos com muito pouco mistério e umas confusões sempre com maus resultados para o pobre ajudante do chefe detective. Do resto do programa lembro-me pouco, só gostava mesmo desta parte que era sempre guardada para o fim obviamente. Mas achava alguma piada aos efeitos sonoros ao longo do programa (quase sempre feitos por eles), à voz da mulher em alguns dos sketchs e às piadas fáceis com um final óbvio mas que nos divertia na mesma.
A 18 de Março de 1997, Rui Andrade decide terminar com um dos grupos mais queridos por parte dos Portugueses, com direito a um restaurante e um doce que tem o mesmo nome e serve como homenagem a este grupo de pessoas que estiveram sempre dispostos a divertir e entreter os Portugueses por cerca de 50 anos.