Vai ser no dia 11 de Dezembro de 2014 que se vai realizar a 57ª edição do Natal dos Hospitais, um programa que marca a época Natalícia na estação pública, e um que todos os Portugueses seguiam fielmente por mais de 4 décadas, até começar a perder algum do seu fulgor.
São duas as lembranças mais intensas que tenho do mítico programa Natal dos Hospitais, uma é a de esperar pelo final do programa para ver a actuação do Herman José, a outra era a de ver em companhia da minha Avó, que não tinha televisão em casa dela e eu tinha que a ir buscar para ver na minha casa. Esta festa existe desde 1944, numa iniciativa do Jornal de Notícias que tentava assim dar alguma alegria às pessoas que estão, por algum infortúnio, internadas num hospital por altura do Natal, afastados assim dos seus mais queridos.
Foi em 1958 que a RTP começou a sua colaboração com esta festa, com Henrique Mendes como o apresentador e a artista Beatriz Costa a ser a primeira artista a actuar, neste que é o programa mais antigo do canal estatal. Era uma festa que tinha presença também na rádio, com a Emissora Nacional e depois a RDP a tratarem de a transmitir para todos aqueles que quisessem ouvir o que estava acontecer ora no Hospital São João do Porto (da parte da manhã) e no de Alcoitão (na parte da tarde).
Era nestes dois hospitais que a maratona televisiva se realizava, sendo assim até 2006, quando começou a ser intercalado entre os dois durante o dia todo e assim foi durante um ano, até que a RTP decidiu colocá-lo em diversos hospitais por esse país fora, sendo que o palco principal continuaria a ser o de Lisboa. Era neles que era sorteado sempre um televisor a cores, um dos momentos que marcava a transmissão e que era atribuído a uma qualquer instituição.
As caras mais conhecidas da estação pública marcavam presença nesta festa, apresentadores como Eládio Clímaco, Artur Agostinho ou Júlio Isidro foram alguns dos anfitriões de uma festa que tinha depois a presença de artistas como José Cid, Marco Paulo, Amália, José Malhoa, Trio Odemira, Maranata e todos que estivessem na berra a dada altura. Uns com mais sucesso, outros com menos, assim era conduzida esta maratona que ia desde as 9 da manhã às 20 da noite, altura que terminava em apoteose com a actuação da Amália Rodrigues durante muitos anos, e a partir dos anos 80 com o Herman José.
Não era só de canções que o programa vivia, também apareciam actuações de ginastas, bailarinos, mágicos e também apareciam orquestras, coros e grupos de folclore. Quando era criança para além do Herman, gostava de ver as actuações dos grupos mais para a minha idade, como os Ministars ou os Onda Choc, ou ainda o mítico Coro de Santo Amaro de Oeiras, que ia quase sempre com o fantástico A Todos um Bom Natal. Confesso que nem todos os anos tinha vontade de ver aquilo, ou pelo menos de ver aquilo tudo de uma ponta à outra, mas havia sempre actuações que gostava de ver, de alguns dos artistas mais importantes da nossa praça.
E uma das mais valias do programa era mesmo esse, estavam lá todos os pesos pesados do mundo artístico em conjunto com quem estivesse na moda nesse ano e mesmo aqueles “o que raio é isto no palco” tinham algum charme. Depois a meio dos anos 90 foi perdendo esse charme, começou a ter muitos artistas que não agradavam a todos ou que nem tinham muita qualidade e foi também sofrendo com a concorrência dos programas do género dos outros canais privados.
Mesmo assim é uma instituição da nossa história televisiva e continua a ser ainda hoje um programa de referência.