Uma das maiores figuras do futebol português, Manuel Galrinho Bento foi um guarda redes excepcional, que defendeu com qualidade as redes do SL Benfica e da selecção nacional. Em 2015 foi considerado por um painel da UEFA, o melhor guarda redes português de todos os tempos, uma prova incontestável da sua qualidade.
Manuel Galrinho Bento nasceu a 25 de Junho de 1948 na Golegã, e começou a dar nas vistas nos clubes da terra, antes de ingressar no Barreirense em 1966. Bento era uma pessoa humilde, todos sabem que era um aprendiz de pedreiro, antes de começar a vingar no mundo de futebol, e mesmo quando começou a dar nas vistas, manteve uma vida pacata, acabando por ser o “pai” de um grupo que começou a dar nas vistas no Benfica, o grupo do Barreiro.
Com o Barreirense foi à Europa, fruto do 4º lugar alcançado em 1968, e ficou na memória de todos uma exibição memorável em Alvalade, que fez com que o título acabasse assim por rumar para os lados da Luz. Foi por isso natural que em 1972 assinasse pelo Benfica, e fosse assim uma alternativa viável ao titular de então, José Henrique.
Durante 4 anos foram alternando na titularidade, e foi somente em 1976 que agarrou em definitivo a baliza dos encarnados, sendo a sua figura principal durante a década de 80. Um especialista em defender penaltis, ajudou com isso na conquista de um campeonato nacional, defendendo uma grande penalidade do bibota Fernando Gomes, e os que defendeu na eliminatória europeia que opôs os encarnados ao Torpedo de Moscovo, sendo que nesse jogo foi ele próprio que marcou o último penalty, selando a vitória do Benfica.
Dono de uns reflexos extraordinários, era conhecido pela sua elasticidade, sendo chamado de homem borracha por alguns, tal as exibições que fazia. Era um excelente guarda redes, tanto dentro dos postes como fora deles, fazendo daquelas defesas impossíveis, onde muito dos adeptos já estavam quase a gritar golo.
No Benfica ajudava a partilhar a famosa mística, chefiando o famoso grupo do Barreiro, ao qual dava boleia na sua carrinha de venda do peixe até aos treinos no estádio, onde encantavam depois multidões. Na selecção foi o titular entre 1976 e 1986, conhecido lá fora pelo seu sangue frio e coragem ao sair dos postes, e foi um dos principais responsáveis pela boa campanha no Euro 1984 e na campanha para o Mundial de 86 no México. Nesse mundial disputou apenas um jogo, partindo uma perna num treino e só voltando a jogar quase um ano depois, perdendo assim a titularidade no Benfica, onde ficou como suplente até 1991/92.
Foi treinador de guarda redes nos encarnados, chegando a embarcar na aventura de treinador principal em clubes como o Leça, mas voltando ao seu clube do coração, para treinar e incutir a mística nas camadas jovens. Faleceu vitima de enfarte, no dia 1 de Março de 2007, deixando saudades pelo ser humano que era, e pelo grande desportista que foi.
No Benfica fez 611 jogos, onde sofreu 447 golos, chegando a estar 1290 minutos sem sofrer um único golo. Venceu 16 títulos, 8 campeonatos, 6 taças de Portugal e 2 supertaças, enquanto que pela selecção chegou às meias finais do Europeu de 1984. Um dos melhores na sua posição, tanto a nível nacional como internacional.